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Quando eu crescer quero ser administrador de shopping

Fonte: Sindaport / Everandy Cirino dos Santos (*)



Inicialmente, importante que se diga que, quando o SINDAPORT faz críticas ao presidente da CODESP, o faz direcionando-as ao profissional, responsável maior pelos destinos da empresa, sempre respeitando o ser humano Angelino Caputo e Oliveira.
 
Não fomos injustos tecendo críticas precipitadas logo a sua chegada, porém, passados mais de cem dias de sua posse, temos razões de sobra para estarmos descontentes e desapontados com sua atuação à frente da Autoridade Portuária de Santos. 
 
Sabemos de todos os riscos de sermos chamados de corporativistas, sobremaneira quando criticamos a falta de autonomia e a extrema lentidão da estatal em resolver de uma vez por todas o problema que envolve o acordo coletivo de trabalho dos empregados.
 
Vale lembrar que já se passaram mais de 30 dias  que as negociações foram concluídas  após a minuta ter sido enviada para a Secretaria de Portos (SEP), em Brasília, e até a presente data não recebemos oficialmente nenhuma contraproposta ou qualquer manifestação da direção da empresa.
 
Nos encontros semanais com os empregados promovidos por Caputo, ele sempre “atropela” a relação capital x trabalho, abordando temas como a alteração nas jornadas e horários, banco de horas, entre outros, sem contar as inúmeras reuniões de Diretoria Executiva, se arrastando por horas seguidas sempre tratando de assuntos referentes aos empregados, RH, deixando transparecer que o grande problema que aflige o Porto de Santos são os empregados da CODESP.
 
Porém, passados mais de cem dias de sua gestão não apenas o SINDAPORT está sendo crítico a sua gestão. Outras esferas, inclusive importantes setores dentro do próprio Governo Federal, além da área empresarial, também já demonstram decepção e insatisfação com o presidente Angelino Caputo.
 
Em analogia, ao fazer uma autocrítica de sua gestão no período, em conversa informal com uma pessoa próxima de como e qual seria sua verdadeira atividade como mandatário da CODESP, Caputo teria afirmado que ser dirigente máximo da estatal portuária é algo semelhante a um “ADMISTRADOR DE SHOPPING CENTER”.
 
É profundamente lamentável a maneira como ele próprio desqualifica o importante cargo para o qual foi indicado na maior e principal Autoridade Portuária do Brasil. Quando da sua chegada, sabíamos que a sua origem profissional era de bancário, empregado de carreira se aposentando no Banco do Brasil, com ativa participação na militância e mobilizações em defesa da instituição financeira.
 
Apesar de não possuir nenhuma experiência profissional na área portuária, é fundamental que Angelino Caputo compreenda que a cidade de Santos cotidianamente vive e respira seu PORTO com muito orgulho. Deveria saber que, mesmo de maneira informal, historicamente o presidente da CODESP sempre foi visto e tratado como uma alta autoridade municipal, ficando numa escala de importância atrás apenas do prefeito da Cidade, do presidente da Câmara Municipal e do Capitão dos Portos.
 
Sobre a relevância do cargo, oportuno recordar que durante a solenidade de inauguração do Museu Pelé, um pouco antes do início da Copa do Mundo da Fifa,  Caputo comentou que teria "ficado em segundo plano" por ter recebido tratamento de coadjuvante por parte da organização do evento em relação às demais autoridades presentes. Talvez só seja tratado como importante autoridade que é, quando ele próprio assim pensar e agir.
 
Outra crítica que somos obrigados a tecer ao presidente da CODESP refere-se a sua viagem para a Europa, como integrante da comitiva do Fórum Santos Export 2014, que visita portos da Alemanha e Holanda. Considerando que ocupa o cargo por indicação do Governo Federal, repudiamos a declaração dada por Caputo à Imprensa, “projetos portuários acabaram demorando para ocorrer nos últimos anos devido à aprovação da nova Lei dos Portos, a 12.815, sancionada em 05 de junho de 2013”.
 
Vale destacar que no dia 05 de setembro, o Jornal “A Tribuna” - Caderno Porto & Mar - trouxe a matéria intitulada “Burocracia desaponta alemães”, na qual aborda que a Empresa Portuária Alemã fez uma pesquisa em 2011 “para estudar os problemas de acessibilidade do cais santista e propor soluções.”
 
A maioria das ações sugeridas pelo referido estudo não são de competência, total ou exclusiva, da CODESP. Deveria o nosso presidente Angelino Caputo defender o Governo Federal, sobre os entraves legais, se ainda existem, mas principalmente, defender a companhia por não ter responsabilidade, por exemplo, no aumento da capacidade dos sistemas rodoviários que atendem ao Porto.
 
Em nosso site, www.sindaport.com.br, na matéria veiculada no dia 05 de setembro, Portuários repudiam proposta da ABTP que reivindica nova Lei para os Portos , nos posicionamos em defesa da CODESP e do novo marco regulatório, e entendemos que o "homem e representante do Governo" dentro da empresa deveria fazer o mesmo uma vez que a nova Lei foi fruto de intensas e cansativas negociações, inclusive com grande e ativa participação do setor empresarial portuário.
 
Seria muito mais produtivo e apropriado se o presidente Caputo tivesse ficado no Brasil ajudando a desmistificar essas injustas comparações entre portos e portuários do Brasil e da Europa. Mesmo depois de doze anos da criação da SEP, que era uma antiga reivindicação da classe trabalhadora, o Governo ainda não implantou um centro de treinamento, dotado de pelo menos um simulador, para necessário treinamento e capacitação de trabalhadores.
 
Talvez para desfrutar da culinária europeia a viagem esteja servindo. Particularmente, prefiro a nossa boa e tradicional comida nordestina.



(*) Everandy Cirino dos Santos, presidente do Sindaport
 

 


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Comentários (1)

Hedelcio Rodrigues de Oliveira
Data: 10/09/2014 - 12h48
Olá Cirino. No encontro semanal que participei, o Angelino Caputo utilizou, metaforicamente, o termo administrador de shopping para ilustrar a gestão de todos os envolvidos no processo (Stakeholders) – funcionários, agentes, operadores etc. Assim, eu não interpretei como desqualificação de autoridade portuária. Mas, neste encontro eu o questionei acerca de data base e índice, e ele disse que assinaria o Acordo Coletivo. Isso em julho. De fato está demorando.

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