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Cabotagem pode crescer com modais integrados

Fonte: A Tribuna On-line
 
Encontro Porto & Mar debateu o assunto nesta quarta-feira (8), em Santos
 
O avanço da cabotagem no País passa pela integração de modais de transporte de cargas, principalmente com o rodoviário no segmento de contêineres, e a regulamentação da Lei Federal 14.301/2022 (BR do Mar). Além disso, a eficiência logística está diretamente atrelada ao planejamento e ao custo-benefício. Os desafios do transporte entre os portos brasileiros foram debatidos durante o 1º Encontro Porto & Mar 2024, promovido pelo Grupo Tribuna, nesta quarta-feira (8), no auditório da Receita Federal, em Santos.
 
O vice-presidente de Relações Governamentais da Maersk na América Latina, Danilo Veras, cuja companhia opera cabotagem pela empresa Aliança, disse que o transporte de contêineres pelos navios precisa estar em sintonia com o modal rodoviário. “(A cabotagem) é chegada ao terminal, navios, terminal novamente e destino”.
 
O CEO da Norcoast, Gustavo Paschoa, destacou que o grande competidor da cabotagem é o caminhão. “Temos que migrar um contêiner a cada cinco que estão rodando na costa brasileira para a cabotagem. Cabe a nós, operadores, três coisas: ter espaço nos navios para colocar os contêineres, planejamento e educar o embarcador para opte pela cabotagem”.
 
O diretor da Costa Brasil, Marcio Salmi, afirmou que os operadores devem investir em “frota e no multimodalismo” para a expansão da cabotagem. “O Brasil é um país continental que precisa de integração logística eficiente. Somos viabilizadores desse tipo de conversão”.
 
Já a diretora do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), Mônica Barros, relacionou a falta de infraestrutura nos portos a custos logísticos elevados como barreiras à cabotagem. “Quando não tem a infraestrutura portuária adequada à janela que estava planejada, há uma piora do nível serviço com incremento de custo, aí é um potencial explosivo para você matar um pouco a cabotagem”.
 
Sobre os desafios para o modal, como a inexistência de centros de consolidação de cargas nos portos, tributos e burocracia, o diretor-presidente da Santos Brasil, Antonio Carlos Sepúlveda, disse que “são problemas sistêmicos exclusivos da logística e não do Brasil. Eu não acho que isso ajude ou atrapalhe a cabotagem mais do que qualquer outro setor”.
 
Já o vice-presidente da Log-In Logística Intermodal, Marcus Voloch, lembrou sobre a discussão ocorrida em 2019 com o então Ministério da Economia em relação à não exigência de bandeira brasileira e os impactos nas regiões do País na cabotagem. “Naquela ocasião, a gente simulou o que aconteceria e o resultado foi um excesso de capacidade entre Buenos Aires e Santos e um deserto no Arco Norte. Manaus acabaria, porque de Buenos Aires a Manaus precisa fazer vários fretes pequenos ao longo do caminho”.
 
O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, frisou que a cabotagem está em crescimento no Brasil. “Em 2011, foram transportados na cabotagem 400 mil TEU (contêiner de 20 pés). Em 2023, foram 1,2 milhão de TEU, sendo cerca de 400 a 500 mil TEU de feeder (carga com origem ou destino final no exterior) e o restante de carga doméstica”.
 
O secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Batista, salientou que é necessário aumentar a oferta de arrendamentos nos portos organizados para essas empresa.
 
“Temos que disponibilizar, dentro do modelo de landlord (arrendamentos), nas companhias docas, mais áreas para serem leiloadas, investidas pela iniciativa privada, para dotar o País de mais infraestrutura para trabalhar os contêineres da forma mais adequada”.
 
Importância
 
Na abertura do evento, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, enfatizou que o Porto de Santos tem que ser exemplo aos demais equipamentos de logística no reequilíbrio da matriz de transporte do País.
 
“Hoje, o modal rodoviário corresponde a 60%; o ferroviário, 30% e dutos, 10%. A regulamentação da BR do Mar é importante porque os demais modais estão esgotados”.
 
O diretor-presidente do Jornal A Tribuna, Marcos Clemente Santini, salientou que a navegação doméstica é importante não somente para a carga, mas também para os cruzeiros, e o Porto de Santos está incluído. “É preciso destravar essas amarras existentes para ampliar o número de navios que fazem a cabotagem no Brasil”.
 
O diretor-presidente da TV Tribuna, Roberto Clemente Santini, ressaltou a importância do debate sobre o crescimento da cabotagem.
 
“A cabotagem pode ser muito positiva para o País. A lei já foi aprovada, falta a regulamentação, e o setor quer saber um pouco mais. Então, é uma ótima oportunidade de aprofundar o assunto”.
 
O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), ressaltou que o encontro contribui para a discussão da relação Porto-Cidade e disse que o Município trabalha no aprimoramento da Lei de Uso e Ocupação de Solo para que a Área Continental possa abrigar “o porto-indústria”.
 
“A Zona de Processamento de Exportação (ZPE), beneficiando não somente Santos, mas Cubatão e Guarujá, para que a gente possa trabalhar juntos de forma consorciada”.
 
Missão na Coreia do Sul
 
O Grupo Tribuna fará uma missão portuária na Coreia do Sul entre os dias 16 e 21 de junho. Quarenta e oito pessoas, entre empresários e autoridades do setor portuário visitarão portos e indústrias coreanas e conhecerão investimentos feitos em tecnologia de ponta em infraestrutura logística e portuária para o mercado de exportação.
 
Em Seul, a comitiva visitará a Hyundai, que oferecerá um jantar no dia 17, e desfrutará de um “experience day” oferecido pelas indústrias Samsung e LG. No dia 19, a delegação seguede trem-bala de Seul para a cidade portuária de Busan, onde visitará dois terminais. De lá, os visitantes viajarão até a cidade de Ulsan, onde também conhecerão um terminal porto-industrial. Os detalhes foram revelados pelo consultor de assuntos portuários do Grupo Tribuna, Maxwell Rodrigues, no Encontro Porto & Mar.
 

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