Fonte: AssCom Sindaport

A Diretoria do SINDAPORT participou na tarde desta sexta-feira de um momento histórico para o Porto de Santos e para o Brasil. Na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, o presidente do SINDAPORT, Everandy Cirino dos Santos, o vice-presidente João de Andrade, e o diretor Edilson de Paula Machado participaram do leilão que escolheu a empresa que vai construir o túnel Santos - Guarujá.
A empresa portuguesa Mota-Engil foi a vencedora do leilão, com a melhor proposta sobre a contrapartida do poder público para o projeto. A Mota-Engil, que superou a concorrente espanhola Acciona na disputa, tem participação de 32,4% da empresa chinesa CCCC (China Communications Construction Company), com expertise na construção de obras imersas, como o túnel Taihu, o maior da China, com 10,8 quilômetros de extensão.
"Esse é o fim de uma espera de 100 anos. É um projeto grandioso, que além de ligar Santos a Guarujá, vai gerar emprego e renda, melhorar a logística do Porto de Santos e a mobilidade da região", comemorou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, lembrando do empenho do governo federal e do Ministério em tirar do papel um projeto esperado há um século. O túnel, que é uma obra inédita de engenharia no Brasil, terá extensão de 1,5 quilômetro, sendo 870 metros imersos.
João de Andrade ressaltou a geração de empregos com a obra, que deve iniciar no próximo ano e a relevância para o setor portuário. O projeto prevê a geração de aproximadamente 9 mil empregos diretos e indiretos, além de capacitação de trabalhadores locais. A obra beneficiará diretamente cerca de 2 milhões de habitantes da Baixada Santista, reduzindo em até 90% o tempo de travessia entre Santos e Guarujá e fortalecendo a integração logística com o Porto de Santos.
Atualmente, a ligação entre Santos e Guarujá é feita por balsas, que levam cerca de 18 minutos por travessia, mas estão sujeitas a filas e variações de operação. Pela estrada, o deslocamento pode chegar a 1 hora. Com o túnel, o trajeto será feito em até 5 minutos, beneficiando diretamente os mais de 2 milhões de habitantes da Baixada Santista e trabalhadores que circulam diariamente entre as cidades.
O SINDAPORT levou faixas para a porta da B3 agradecendo publicamente as personalidades políticas que trabalharam para tirar esse sonho centenário do papel: presidente Lula, vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro de Portos Silvio Costa Filho e o ministro do Empreendedorismo Marcio França, bem como o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini.
O SINDAPORT também apoiou um grupo de moradores de Santos que protestou na frente da sede da B3. Na manifestação, eles falaram que a obra vai provocar desapropriações. “Nós estamos aqui representando uma comunidade que há muitos anos está lá instalada, que nasceram ou vivem lá. O que nós queremos é que seja feita um processo de desapropriação justo, ético, moral e digno”, disse José Santaella, da Associação Comunitária do Macuco, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, cerca de 200 famílias podem chegar a ser impactadas a depender do local de instalação do túnel. Famílias que vivem na região ainda não receberam informações sobre possíveis impactos.
“O que nós queremos é uma tutela do Estado, que o Estado garanta uma documentação rápida para as pessoas que não tem isso hoje. Depois, que faça uma avaliação dos imóveis do entorno porque a cidade de Santos é uma ilha”, disse Santaella, ressaltando que a comunidade luta para que não ocorra "expulsão dessa comunidade" da cidade de Santos.
Túnel imerso
Segundo o Governo do Estado, a escolha pelo método de túnel imerso foi resultado de análise técnica criteriosa. Alternativas como ponte ou túnel escavado foram descartadas em razão de restrições da Base Aérea de Santos, tráfego intenso de navios no canal portuário e solo instável da região. A solução imersa garante menor impacto urbano e ambiental, reduz desapropriações e permite execução mais rápida e segura.
O contrato estabelece tarifa de referência de R$ 6,15 por sentido para veículos, valor semelhante ao da balsa atualmente em operação. Pedestres e ciclistas terão isenção de cobrança, assegurando acesso inclusivo à travessia.
Para o prefeito de Santos, Rogério Santos, a conquista é resultado de um sonho centenário. “É um dia histórico, importante para todo o Brasil. O túnel é um desejo centenário – o primeiro projeto foi apresentado em 1927 – e, ao longo do tempo, várias tentativas foram feitas, mas nunca saíram do papel. Hoje, com o leilão, chegamos a uma etapa fundamental”, disse.
Com investimento total estimado em R$ 6,8 bilhões, o empreendimento será realizado no modelo de Parceria Público-Privada (PPP) patrocinada, com prazo de 30 anos. O aporte público máximo é de R$ 5,1 bilhões, dividido igualmente entre Estado e União (R$ 2,5 bilhões cada).
A infraestrutura contará com três faixas por sentido, sendo uma delas reservada ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), passagem para pedestres e ciclistas e galeria de serviços.