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11/04/2024 - 10h58

Engenheiro cria plataforma rolante e garante solução logística para caminhões


Fonte: A Tribuna On-line
 
Edgard Villarinho acredita que a iniciativa possa ajudar a tirar veículos da estrada
 
Uma solução logística, com ganho em sustentabilidade e custo baixo em relação a uma nova estrada, que agilizaria o transporte de cargas entre a Baixada Santista e o Planalto. O engenheiro Edgard Villarinho, de 74 anos, desenvolveu um projeto que contempla essas possibilidades, a ser implantado junto à Serra do Mar, a partir de Cubatão.
 
Formado pela Escola de Engenharia Mauá em 1971. e sócio de uma empresa que lida com energia renovável, ele criou a chamada Plataforma Rolante Autônoma (PRA). São 20 plataformas deslizantes em trilhos tipo montanha-russa, movidas por cremalheiras especiais (barra ou trilho dentado que, em conjunto com uma engrenagem a ele ajustada, converte movimento retilíneo em rotacional e vice-versa). Elas ficariam na encosta da Serra do Mar, em ponto estratégico de escoamento de contêineres. O sistema seria sustentado por pilastras, com o menor impacto ambiental possível. Uma sala de controle, no meio do percurso, estaria apta a detectar qualquer problema.
 
“Cada carreta ocupa uma plataforma que, independentemente das demais, sobe a Serra em plano inclinado em cinco minutos. No topo da Serra, ele sai rodando, como num sistema roll-on/roll-off, onde o próprio motorista faz a entrada e a saída dirigindo o veículo”, explica Villarinho.
 
A movimentação é possível eletricamente, sendo a energia dos veículos que descem armazenada e usada para os que sobem. “O ganho energético comparado com o modal rodoviário é considerável. A ‘viagem’ duraria cerca de cinco minutos, a uma velocidade de 13 km/h. É aí que entra o conceito de ‘roda-gigante’, onde o peso de uma cadeira sustenta a outra no eixo invertido”, pontua.
 
Ele reforça a necessidade da existência de pátios organizados nas duas pontas, para que o ganho no deslocamento da carga não se perca em um gargalo logístico. “Tem que ser um pátio bem organizado, senão se perde toda a vantagem. Um caminhão, por exemplo, pode ter dois contêineres de 20 pés, ou um de 40 pés”, defende.
 
A origem
 
Villarinho, que trabalhou por muitos anos na Capital, foi testemunha diária de um cenário que somava muitos acidentes, fumaça e poluição. Foi a senha para começar a pensar em uma alternativa para aquele panorama.
 
“Comecei a pensar se não haveria uma maneira mais inteligente para as cargas que tanto perigo oferecem aos carros, bem como lentidão, custo de caminhão, emissões. E aquilo foi evoluindo na minha cabeça. Então, desenhei esse projeto”, explica, às voltas com uma tentativa de quebra de um paradigma. “Uma das dificuldades, por ser ousado, é que as pessoas têm medo. Ouvi muito: ‘a ideia é boa, mas é muito maluca’”.
 
O projeto começou a ganhar os primeiros contornos em 2005. Um ano depois, o engenheiro fez um pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) do chamado “modelo de utilidade”, mas ainda sem uma resposta definitiva.
 
“Fui professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), adoro Magistério. Acho que a grande qualidade é você pensar fora da caixa. A partir daí, surgiu esse projeto. Materializei em cálculos, entrei com um pedido de patente que ficou pendente. Quando vier uma oportunidade concreta, eu reativo”.
 
O engenheiro garante que o custo de um projeto como o seu é bem menor do que o investido em mais uma ligação com o Planalto, por exemplo. Ou poderia ser um paliativo, enquanto a obra macro seria viabilizada financeiramente. Além disso, possibilitaria grandes ganhos financeiros, por meio de importantes parcerias com os concessionários.
 
Vantagens
 
Ele elenca outro importante aspecto: a redução de acidentes e congestionamentos no trecho de Serra. “Quando se retira um caminhão de uma rodovia, cai sua própria exposição a acidentes, bem como a de outros veículos, como automóveis. A frequência nas panes por superaquecimento do motor, em função do “para-e-anda” comum esse trecho, também cairia. Nos caminhões que usassem a plataforma, esse risco iria a zero”.
 
Edgard Villarinho emenda outra observação: a redução nas emissões, acompanhadas da ausência de ruídos ou resíduos. “Ainda há espaço para captação de energia solar, convertida em fonte contínua e armazenável”, complementa o engenheiro.