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15/01/2024 - 11h18

Entenda a importância do contêiner reefer, fundamental para o transporte de cargas nos portos


Fonte: A Tribuna On-line
 
Com peculiaridades como custo e funcionamento, equipamento permite movimentação de carnes em geral, frutas e legumes
 
Os contêineres reefer são uma importante peça na engrenagem logística que permite ao Porto de Santos ser a principal porta de saída da carne bovina no Brasil e referência na movimentação de outras cargas refrigeradas. O equipamento, que custa cinco vezes mais que um cofre metálico destinado a cargas secas, tem peculiaridades que chamam atenção para garantir o transporte de itens perecíveis, como carnes em geral, frutas e legumes.
 
Ao longo do ano passado, o Porto de Santos movimentou 2,2 milhões de toneladas de cargas em contêineres refrigerados. O volume representa aproximadamente 5% das 45,9 milhões de cargas conteinerizadas operadas no ano e 1,4% do total de 157,9 milhões de toneladas que passaram pelo complexo santista (leia mais abaixo). O cálculo foi realizado por A Tribuna com base nas estatísticas da Autoridade Portuária de Santos (APS).
 
Mas, quais são as pecularidades de um contêiner reefer? Atuando na logística de contêineres há mais de 40 anos, sendo 30 anos na armadora Hamburg Sud, o sócio da Solve Shipping Intelligence, Henrik Simon, explicou à Reportagem as diferenças entre o contêiner refrigerado e o comum, começando pelo preço. “Um contêiner reefer de 40 pés custa, em média, US$ 20 mil. Já um contêiner de 40 pés de carga seca custa cerca de US$ 3,5 mil. O reefer é muito caro por causa do maquinário, do motor”.
 
A fabricação de contêineres de todos os tipos também é um mercado dominado pela China, que “fabrica 95% dos contêineres comercializados no mundo. A Europa fabrica o maquinário dos refrigerados. A máquina segue da Europa para a China, onde o contêiner reefer é montado”.
 
O consultor logístico comentou ainda que os contêineres refrigerados de 20 pés são pouco utilizados. “Atualmente, 97,5% dos contêineres reefer utilizados são de 40 pés, que comportam até 25 toneladas, mas a capacidade total raramente é utilizada. Um contêiner carregado com carne pesa, em média, 22 toneladas. No caso de frutas, é mais leve”.
 
Outra curiosidade logística é que os navios porta-contêineres viajam carregados com os dois tipos de contêineres. “É mesclado. Geralmente os contêineres de carga seca, mais pesados, ficam embaixo e os refrigerados em cima, no navio”.
 
Armazenagem
 
Simon ressalta que as carnes são armazenadas nos contêineres reefer a uma temperatura negativa de 18°C. Esses contentores permanecem ligados em tomadas elétricas nos terminais portuários e também dentro dos navios até o destino final.
 
“O importante é que a carga que você transporta esteja na temperatura desejada. Por exemplo, o melão vem do campo, quente, a uma temperatura de 25°C, que precisa ser baixada para 8°C. Então, a fruta sempre fica na câmara frigorífica do exportador até alcançar a temperatura que o cliente quer para o transporte marítimo”.
 
A China também é o maior comprador das carnes bovina e de frango exportadas pelo Brasil. “A maior parte da proteína exportada vai para a China. A Europa Central é o segundo maior mercado consumidor do nosso produto. Já as frutas, que têm uma vida útil muito curta, são exportadas principalmente para os Estados Unidos e Europa”.
 
Crise global superada
 
Simon destacou também que a crise global de falta de contêineres e a alta do frete marítimo gerados durante a pandemia de covid-19 já estão superados. “Na pandemia, principalmente nos anos de 2021 e 2022, todo mundo ficou em casa e o consumo de mercadorias aumentou muito, o que gerou um gargalo. Faltou espaço para contêineres no mundo inteiro, mas a situação já se normalizou, o mesmo ocorre em relação ao frete marítimo”.
 
O operador logístico observou que o preço do frete marítimo depende muito da mercadoria e do destino. “Por exemplo, um contêiner com carne para a Europa custa uma média de US$ 2,5 mil e para a China US$ 3 mil”, afirmou. Durante a pandemia, o frete marítimo chegou a ser comercializado a mais de US$ 11 mil.
 
Realidade santista
 
O Brasil exportou 1,9 milhão de toneladas de carne bovina em 2023. Desse total, 1,1 milhão foram embarcados pelo Porto de Santos. As informações são da Autoridade Portuária de Santos (APS). Segundo a APS, Santos embarcou cerca de 600 mil toneladas de outras carnes e sucos - tudo em contêineres reefer.
 
Conforme o levantamento estatístico do Porto de Santos, de janeiro a dezembro do ano passado, além da carne bovina, com 1,1 milhão de toneladas, foram movimentadas 587,1 mil toneladas de carne de aves, 120,1 mil toneladas de carnes diversas, 99,9 mil toneladas de peixes e 270 mil toneladas de sucos cítricos.
 
O Porto de Santos embarcou 2,2 milhões de toneladas de cargas conteinerizadas em 2023. Desse total, 2,1 milhões (97,37%) para exportação (longo curso) e aproximadamente 57 mil toneladas por cabotagem (2,65%), ou seja, em navegação pela costa brasileira.
 
Quanto aos terminais de contêineres, a Brasil Terminal Portuário (BTP) liderou os embarques para exportação, totalizando 1,2 milhão de toneladas, seguida da DP World Santos, com 505,1 mil toneladas, e a Santos Brasil, com 428,8 mil toneladas.
 
Geral
 
No acumulado de 12 meses em 2023, o Porto de Santos movimentou no geral 157,9 milhões de toneladas, menos do que em igual período de 2022, com 162,5 milhões. A movimentação de carga conteinerizada também caiu. No ano passado, foram movimentadas 45,9 milhões de toneladas, contra 51,6 milhões no ano anterior.
 
Quanto aos demais tipos de cargas, no ano passado foram movimentadas 86,5 milhões de toneladas de granel sólido, 17,5 milhões de granel líquido e 8 milhões de carga geral. No entanto, o volume de carga diminuiu em comparação a 2022, que totalizou 162,5 milhões de toneladas, sendo 51,6 milhões de carga conteinerizada, 82,3 milhões de granel sólido, 18,9 milhões de granel líquido e 9,7 milhões de carga geral.