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06/10/2023 - 10h57

Inteligência é ferramenta contra o tráfico e para a segurança no Porto de Santos


Fonte: A Tribuna On-line
 
Agência Brasileira de Inteligência (Abin) promove evento em Santos com representantes federais e de empresas do setor
 
A inteligência como ferramenta indispensável no combate ao tráfico internacional de drogas e ao contrabando de mercadorias, além de solução de infraestrutura no Porto de Santos. Esses foram os temas que nortearam o 1º Encontro Nacional Inteligência e Ambiente Portuário, promovido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), nesta quinta-feira (5), na sede da Praticagem de São Paulo, na Ponta da Praia, em Santos. O evento reuniu representantes de órgãos do Governo Federal e de empresas do setor portuário.
 
O superintendente da Abin, José Paulo Melhado, disse que o objetivo do encontro foi reunir quem atua no setor portuário para um necessário debate. “A relevância é congregar algumas pessoas importantes do Porto de Santos, da Baixada Santista e de São Paulo para discutir sobre criminalidade e infraestrutura crítica. São dois pontos de atenção da inteligência do Estado voltados para a região”.
 
Quanto à infraestrutura, Melhado afirmou que a agência também analisa as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico na relação Porto-Cidade. “Nós fazemos a análise da inteligência econômica para verificar o impacto do Porto nas atividades da dinâmica social da região, na questão de geração de empregos e crescimento das cidades, de oportunidades”.
 
A ideia, de acordo o superintendente, é promover ao menos um encontro por ano para agregar empresários do setor portuário e autoridades locais. “Nós temos, em São Paulo, um subgrupo do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e a gente pretende estender esse grupo para Santos e região”.
 
Atuação reforçada
 
Primeiro palestrante do encontro, o delegado-chefe da Alfândega da Receita Federal do Porto de Santos, Richard Neubarth, ressaltou que a aproximação entre a Receita e as empresas portuárias é importante para coibir atividades ilícitas no maior complexo portuário do País e um dos mais importantes do mundo.
 
“É importante a gente ter contato com quem chamamos de intervenientes do comércio exterior. São as pessoas responsáveis pelo transporte, armazenagem e movimentação da carga, a Praticagem, as agências marítimas e os recintos alfandegados, que estão operando cargas e veículos 24 horas por dia. Em qualquer ilícito que esteja acontecendo, que muitas vezes estará fora do radar, de sistemas e do controle da Receita Federal, eles terão as informações para repassar e isso possibilitará uma atuação mais eficaz na repressão aos ilícitos no comércio exterior”.
 
Neubarth disse que, nos últimos cinco anos, a Receita Federal apreendeu R$ 1 bilhão em mercadorias irregulares e mais de 100 toneladas de cocaína. Para combater a criminalidade, conta desde o final do ano passado com um novo sistema de inteligência.
 
“A Receita Federal tem investido em sistemas. Um módulo importante é o API-Recintos, uma inovação em relação à informação de cargas, veículos e pessoas, nas áreas controladas pela Receita Federal não somente no Porto de Santos, mas em todo o Brasil. Esse sistema se encontra no ar desde dezembro de 2022 e está sendo aperfeiçoado”.
 
Parcerias
 
Ex-chefe da Polícia Federal em Santos e ex-coordenadora da Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Cesportos), a delegada aposentada Luciana Fuschini ministrou palestra sobre a integração dos órgãos de Segurança no Porto de Santos.
 
Segundo a delegada, a integração entre os órgãos de segurança via Cesportos resultou “na baixa quantidade de incidentes de proteção no Porto, controle de greves de caminhoneiros e de invasões. Dessa forma, a gente consegue monitorar os riscos e evitar que incidentes de proteção aconteçam no Porto”.
 
Câmeras térmicas
 
Já o security manager da Brasil Terminal Portuário (BTP), Fábio Carvalho, que discorreu sobre Procedimentos de inteligência no combate ao crime organizado no Porto de Santos, explicou que o terminal está instalado em uma área de 440 mil metros quadrados na Margem Direita do Porto de Santos e movimenta 1,1 milhão de contêineres por ano. Então, por meio da “análise de risco e redução da vulnerabilidade visando a segurança patrimonial, a companhia investiu em um sistema de monitoramento que agrega quase 500 câmeras”.
 
Segundo Carvalho, a BTP foi pioneira na aquisição de câmeras térmicas e sistemas de radares. “A gente utiliza câmeras térmicas em volta do perímetro do terminal porque a iluminação é muito baixa, nas regiões fronteiriças. Para isso, a gente contou a Receita Federal e com a Polícia Federal, porque tivemos que importar essas câmeras térmicas porque elas são controladas pelo Exército. Nós tivemos que justificar para o Exército que essas câmeras serão utilizadas para segurança aduaneira, para implementação de melhoria no monitoramento”.
 
O gerente da BTP destacou ainda que a companhia possui uma equipe de inteligência cujos analistas fazem o mapeamento de ocorrências e análise de risco. Na ocasião, ele apresentou o histórico no período de 10 anos.
 
“Na análise de todas as ocorrências, 84% tiveram como destino a Europa, 10% a África e 5% a Ásia. Quanto aos países no ranking de ocorrências, em primeiro lugar vem a Bélgica, seguida da Espanha, Holanda, Itália, Marrocos, França, Portugal e Alemanha. Esse resultado de geocombate da BTP totaliza 60 mil quilos. Esse é o nosso esforço de guerra. Em 2022, foram apreendidos 16 mil quilos de drogas, sendo que 9.223 quilos foram fruto de um trabalho conjunto com os órgãos de segurança”.
 
Demais palestrantes
 
Também participaram do 1º Encontro Nacional Inteligência e Ambiente Portuário o gerente regional da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em São Paulo, Guilherme da Costa Silva; o delegado da Polícia Federal e chefe do Núcleo de Inteligência da PF em Santos, Caio Martins de Lima; o escrivão da Polícia Federal lotado no Núcleo de Inteligência de Santos, Gustavo Simões de Barros; e o delegado da Polícia Civil em São Paulo e presidente da Comissão Anticorrupção, Lavagem de Dinheiro e Compliance, Robinson Fernandes.