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“São Sebastião complementará a demanda de contêineres de Santos”, diz Ernesto Sampaio

Fonte: A Tribuna On-line
 
A afirmação é do diretor-presidente da Companhia Docas de São Sebastião
 
O Porto de São Sebastião, no Litoral Norte do Estado, passará a movimentar contêineres com o leilão do futuro terminal multipropósito SSB01. Com investimento de R$ 2,5 bilhões, o ativo poderá ir a leilão até o final do ano e deverá impulsionar os negócios no segundo complexo portuário paulista. Além disso, a região se prepara para receber uma série de obras de infraestrutura de acesso que aumentarão a eficiência logística no porto, que é delegado pela União ao Governo do Estado e está sob o comando da Secretaria Esadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil). A agenda de investimentos foi apresentada pelo diretor-presidente da Companhia Docas de São Sebastião, Ernesto Sampaio, em entrevista para A Tribuna.
 
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que a União pretende licitar o SSB01 ainda neste ano. Em sua capacidade máxima, o terminal irá operar 1,35 milhão de TEU (medida de contêiner padrão de 20 pés) e 3,45 milhões de toneladas de granéis sólidos ao ano. Qual é a sua expectativa?
 
Existe a previsão de dois berços de atracação (para navios) e movimentação de contêineres, que é inédita no Porto de São Sebastião. O projeto de um terminal multipropósito (contêineres e cargas gerais) aqui complementa a demanda de movimentação de contêineres do Porto de Santos.
 
O senhor acredita que o leilão sairá mesmo neste ano?
 
Tanto o Ministério (de Portos e Aeroportos) quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm todo o interesse que esse processo (de arrendamento) seja feito com a maior celeridade. Agora, depende do tempo que o Tribunal de Contas da União (TCU) levará para analisar o processo, que é bem mais simples do que o do Tecon (Terminal de Contêineres) Santos 10 (no cais do Saboó, no Porto de Santos). Não existe nenhuma complexidade aqui.
 
O governador defende que o leilão do Tecon Santos 10 permita ampla concorrência, pois, com um armador global operando o megaterminal seria possível integrar a logística entre os dois portos paulistas, com Santos recebendo navios de longo curso e São Sebastião como ‘feeder’ para distribuir a carga via cabotagem. Essa iniciativa seria estratégica para o Estado, mas o SSB01 não seria um concorrente do Tecon 10?
 
A ideia é que eles se complementem. Os dois projetos, o Tecon Santos 10 e o SSB01, não são concorrentes. Existe uma demanda muito grande de movimentação de contêineres, então, esse conceito de complementaridade que o governador mencionou faz todo sentido. Santos receberia os navios de longo curso e faria essa transferência dos contêineres por terra para nós fazermos a cabotagem por aqui. É um conceito válido e que faz todo o sentido em outros países. Isso não limitaria Santos ao longo curso e nem São Sebastião à cabotagem.
 
O porto contará com um novo acesso terrestre em 2026?
 
O Governo do Estado e a concessionária Tamoios, que administra a Rodovia dos Tamoios, assinaram um termo aditivo para construir um novo acesso ao Porto de São Sebastião e um viaduto de saída para melhorar o acesso de caminhões. Então, o futuro arrendatário do SSB01 já vai receber o acesso terrestre solucionado. Essa obra vai durar somente nove meses e, inclusive, já começou. O investimento é de mais de R$ 55 milhões, totalmente privado.
 
O novo acesso e o viaduto de saída vão garantir fluidez no tráfego de caminhões?
 
O novo acesso vai melhorar ainda mais o trânsito de caminhões, sem impactar no trânsito dos veículos no Centro da Cidade e para aqueles que vão para Itabira também. Já o viaduto sairá de dentro do Porto e se encaixará diretamente nos viadutos que dão acesso aos túneis da Rodovia dos Tamoios. Ou seja, os caminhões que vão chegar e sair do Porto não vão impactar em nada no trânsito da Cidade, nem para quem acessa o município de Ilhabela. É a relação porto-cidade no seu melhor patamar, o desenvolvimento do porto sem impactar o cidadão comum.
 
O Porto de São Sebastião recebe quantos caminhões por dia?
 
Em torno de 100 caminhões por dia.
 
Quantos caminhões passará a receber com o SSB01?
 
Com certeza, o novo terminal vai multiplicar esse número por cinco, porque ele vai triplicar o volume de granel sólido que a gente movimenta hoje, além da movimentação de contêineres de 1,35 milhão de TEU por ano, o que é aproximadamente metade do que o Tecon Santos 10 vai operar.
 
O canal aquaviário pode alcançar 42 metros de profundidade em alguns pontos, então o Porto de São Sebastião pode receber os maiores navios do mundo?
 
O Porto de São Sebastião larga na frente de diversos portos do Brasil, com acesso aquaviário sem a necessidade de dragagem de manutenção e acesso terrestre completamente resolvido. Nosso grande trunfo é que o canal aquaviário chega a 42 metros de profundidade em alguns pontos.
 
Mas, o Porto está realizando a dragagem de manutenção nesse momento.
 
A gente está fazendo a dragagem de manutenção no berço 101 (principal) porque é muito colado à parte terrestre. A intervenção vai remover 57 mil metros cúbicos de sedimentos acumulados na bacia de manobra e no berço de atracação, restabelecendo a profundidade operacional mínima de 10 metros. A previsão é encerrar essa dragagem em 45 dias.
 
A região passará a contar com pátios reguladores para caminhões?
 
Abrimos um chamamento público para credenciamento de pátios de triagem e várias empresas se interessaram. A Autoridade Portuária estabeleceu requisitos obrigatórios como área de descanso para os caminhoneiros, o mínimo de 150 vagas de estacionamento, restaurante, lanchonete, integração do sistema do pátio com o sistema logístico das Docas e distância máxima do Porto de 30 quilômetros. Não é concessão, o Porto apenas vai fiscalizar os pátios.
 
Autoridade Portuária deve credenciar o primeiro pátio em breve?
 
A gente iniciou o processo de credenciamento de um pátio de triagem de caminhões em Caraguatatuba. A empresa solicitou a vistoria na semana retrasada, nós pedimos alguns ajustes, e o pátio deverá começar a operar em um mês e meio. A nossa exigência é que todos os caminhões passem obrigatoriamente pelo pátio para podermos cadenciar a chegada deles ao porto.
 

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