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Com Dilma reeleita, fim da trégua

Fonte: A Diretoria / AssCom Sindaport - Denise Campos De Giulio
 
 
A reforma administrativa anunciada pela presidenta Dilma Rousseff logo após o término da eleição realizada no último domingo e que lhe garantiu um segundo mandato está sendo bastante aguardada pelos principais setores da economia, entre eles o portuário.
 
Previsto para ocorrer antes do término do ano, segundo a presidenta, o troca-troca já é alvo de especulações quanto aos nomes dos possíveis futuros ministros de Estado, com destaque para algumas das principais pastas, como a da Fazenda, Casa Civil, Minas e Energia, Previdência, e Desenvolvimento Agrário.
 
Na medida em que se aproxima o dia 1º de janeiro de 2015, data em que a mandatária será reconduzida ao cargo máximo da Nação, ganham força nomes como os dos governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), e do Ceará, Cid Gomes (PROS), além do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD).
 
Apesar das mudanças, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) são nomes garantidos para permanecerem no primeiro escalão, só não se sabe, ainda, em quais ministérios. De saída, estão os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Marta Suplicy (Cultura), que deram o que tinham que dar em termos de contribuição ao País, ou seja, nada. 
 
De volta ao segmento portuário, de preferência ao cais do Porto de Santos, é grande a torcida pela manutenção da Secretaria de Portos (SEP) no próximo mandato de Dilma. Isto porque, na semana passada, vários órgãos de imprensa noticiaram a possível extinção da pasta, que tem status de ministério.
 
O presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, defende a continuidade da SEP, mas pede mudanças. "Considerando que desde sua criação até hoje a pasta serviu apenas para contemplar acordos políticos, é de fundamental importância que a SEP tenha uma gestão técnica e seja dirigida por pessoas com conhecimento do setor portuário".
 
Além dos portos, o dirigente entende que a pasta deva responder também pelas hidrovias. "A utilização do modal hidroviário para o transporte de cargas no Brasil é pouco explorado, apesar de ser uma tendência mundial e uma excelente alternativa sob o ponto de vista logístico, econômico e ambiental", ressaltou. A navegação por rios está sob responsabilidade do Ministério dos Transportes. 
 
O sindicalista acredita que uma das grandes contribuições que a presidente reeleita poderá dar ao segmento portuário ao promover a reforma administrativa será pôr fim ao "porto seguro" em que foi transformada a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) ao longo dos últimos anos.
 
A Docas paulista ganhou visibilidade não apenas pela movimentação de cargas e pelos números praticados no maior e mais importante complexo portuário do País, o que a mantém como principal via do Comércio Exterior nacional, mas também por receber navios procedentes dos atracadouros instalados na Lagoa Paranoá, em Brasília, trazendo afilhados políticos, parentes e gafanhotos em geral.
 
Sem qualquer relação, formação acadêmica, vocação, treinamento, qualificação profissional ou natural decorrente dos vários anos de profissão, experiência e etc., os gafanhotos migrantes desembarcam por aqui aos montes para em seguida assumirem seus cargos e receberem polpudos salários, além das vantagens e mordomias inerentes. Sabe-se que o cartão postal sempre foi a única visão de porto para a grande maioria desses "experts portuários".
 
Representante majoritário dos cerca de 1.400 empregados da Codesp, Cirino quer o fim das indicações políticas partidárias e do nepotismo. "Mais do que nunca a presidente Dilma precisa acabar de uma vez por todas com essas nomeações, desnecessárias, vergonhosas e onerosas, que fomentam a discórdia e a insatisfação no ambiente de trabalho".
 
Segundo ele, as recentes designações levaram a empresa a virar chacota no setor em nível nacional. "Não só em Santos, mas também em outros portos a Autoridade Portuária de Santos é chamada de resort ou colônia de férias dos aposentados do Banco do Brasil". Cirino refere-se aos cargos ocupados na estatal, com destaque para a presidência, assessorias e Conselho de Administração da Codesp (Consad). 
 
O sindicalista também defende a descentralização das decisões, hoje em Brasília. Para ele, as administrações portuárias devem ter total autonomia para defender as políticas de gestão e aplicar medidas desenvolvimentistas de acordo com as necessidades de cada porto e região.
 
Na avaliação de Cirino, os portos devem ser "efetivamente" administrados por pessoas do setor portuário, de preferência da região onde está localizado o complexo e a sede da empresa. "Com que conhecimento ou propriedade um ex-bancário pode discutir logística portuária, dragagem e outros temas específicos da atividade?", questionou.
 
Apesar da discrepância e absoluta desarmonia profissional, o presidente do Sindaport enfatiza não se tratar de nenhum posicionamento pessoal contra o presidente da Codesp, Angelino Caputo. "Excelente pessoa, caráter e tem boas intenções, ainda que o inferno esteja cheio delas".
 
Assembleia
 
O Sindaport quer dar um basta nos desmandos praticados pela Codesp convocando a categoria para deliberar sobre as medidas que vem sendo totalmente prejudiciais e arbitrárias aos colaboradores em geral, tais como: contratação de empresas terceirizadas, reequilíbrio dos contratos de prestação de serviços, bem como as despesas elevadas com fundações para viabilização de estudos e projetos, sem falar na utilização de funcionários através de empresas prestadoras de serviços para o exercício de atividades fim (secretárias e outros). E ainda:
 
- Fim do pagamento de insalubridade;
- Mudança de horários;
- Ausência de promoções;
- Cargos de confiança sem critério;
- Substituições de cargos sem motivação;
- Ameaças de não pagamento do PLR;
- Desmandos da máquina administrativa da Codesp, em favor dos gafanhotos, SAP, desvios de função, etc.;
- Terceirizados e acréscimo do contrato de prestadores de serviços;
- Transformação do organograma, permitindo mais pessoas de fora da Codesp.
  
"Vestimos a camisa, participamos ativamente da campanha da Dilma e soubemos esperar o término do processo eleitoral para retomar as nossas reivindicações, que nada mais é do que a nossa obrigação enquanto entidade representativa", afirmou o líder sindical.
 
Para ele, as obrigações previstas na Lei de Responsabilidade Civil deve ser cumprida por todos e não apenas pelos trabalhadores. "Além disso, acabaram não só as eleições, mas também a trégua", concluiu.
 

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