Notícias

Mantega diz que inflação alta causa prejuízo a trabalhador que tem dinheiro no FGTS

Fonte: Record News

Ministro da Fazenda disse que sistema de remuneração foi feito para cenário de inflação menor

 
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta terça-feira que o trabalhador que tem recursos no FGTS está tendo prejuízo por conta do alto índice de inflação. A afirmação foi feita em entrevista ao Jornal da Record News, que foi ao ar na noite de ontem. Durante a conversa com o jornalista, Mantega detalhou que o rendimento do Fundo é de 3% mais a TR (Taxa de Referência, que é pouco mais de zero). Com a inflação acima de 6% – em setembro o IPCA fechou em 6,75% – o trabalhador "está perdendo".
 
– Ele (FGTS) foi feito para uma inflação menor – declarou Mantega, para completar:
 
– Essa regra (da rentabilidade) veio lá de trás. Quando a inflação é um pouco maior, perde. Mas quando a inflação vai para baixo, aí o fundo não perde.
 
Perguntado sobre se a poupança também está dando prejuízo, Mantega disse não "saber exatamente quanto está rendendo a caderneta". O entrevistador o ajudou: a remuneração é de 6,17% mais TR. Então o ministro disse que "de modo geral, ela rende acima da inflação". Pressionado pelo jornalista, disse que "pode ter um mês, dois meses em que ela vem abaixo".
 
– Mas ao longo do ano, é acima da inflação – frisou.
 
PETROBRAS DECIDIRA SOBRE AUMENTO DA GASOLINA
 
Na condição de presidente do Conselho Administrativo da Petrobras, Mantega também voltou a falar que o aumento do preço da gasolina será definido pela diretoria da executiva da empresa. Ele descartou que o reajuste esteja sendo "empurrado com a barriga" para que não haja impacto na inflação deste ano.
 
– Até porque o preço da gasolina não está mais defasado em termos do preço do Golfo do México, que é nossa referência. Hoje, o preço da gasolina do Brasil já está maior que o do Golfo do México. Mas a diretoria vai resolver quando fará um aumento – disse, salientando que "Todo ano costuma ter aumento".
 
Mantega também disse que a estatal não "é capaz de se autofinanciar" e explicou que isso ocorre porque trata-se de uma empresa "de capital intensivo".
 
– Em um ano, o investimento foi de US$ 41 bilhões. É muito investimento e ela (Petrobras) precisa se financiar. Ou ela pede empréstimo ou ela aumenta capital, como já fez no passado – afirmou.
 
– Mas essa necessidade tem diminuído – completou.
 
Sobre o déficit na balança comercial da companhia, Mantega garantiu que já está sendo revertido. Ele lembrou que a empresa passou a ser mais importadora do que exportadora há dois anos. Mas disse que com "o aumento de 2% 3% mensal da produção" de óleo, a situação já está se invertendo.
 
Com o afastamento do governo já anunciado mesmo e Dilma Rousseff for reeleita, o jornalista encerrou a entrevista perguntando o que Mantega fará no próximo ano. Com bom humor, disse que está "pensando em trabalhar em jornalismo". Na sequência emendou que ainda está "trabalhando intensamente" no governo e não quis revelar seus planos.
 
– Novembro e dezembro são anos (sic) importantes, fazemos reformas o tempo inteiro e reajustes importantes – disse.
 
MACROECONOMIA
 
Durante a entrevista, que durou quase 30 minutos, Mantega também foi questionado sobre o crescimento do país. Ele voltou a afirmar que a estimativa oficial para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de 0,9%. Também detalhou com otimismo a recuperação que vê o país viver neste segundo semestre.
 
– No segundo semestre, o crédito está aumentando, produção de automóveis está aumentando, supermercados estão voltando a vender mais. Então, neste momento, no segundo semestre, está em torno de 2% (o crescimento) – estimou.
 
Apesar disso, minutos depois o ministro afirmou que "há falta de demanda, porque há pouco crédito para consumidor". Segundo Mantega, há "muito crédito para investimento". Na contramão das medidas anunciadas (como a redução do depósito compulsório pelo bancos) recentemente pelo Banco Central para estimular a concessão de empréstimos, ele disse que "como o BC está combatendo a inflação, está fazendo uma política monetária apertada, e com isso liberou pouco crédito".
 
Ele voltou a negar que o Brasil esteja passando por uma recessão técnica, como afirmam alguns economistas. O ministro disse que o país "teve taxa negativa no segundo trimestre e por isso revisou primeiro trimestre". E garantiu que teremos "taxa positiva no terceiro e que, dependendo de quanto" vai haver uma revisão número do primeiro trimestre, "de modo que não está em recessão".
 
Em linha com o discurso do PT, Mantega disse que o mais "importante é que mantemos a geração de emprego".
 

Imprimir Indicar Comentar

Comentários (0)



Compartilhe



Voltar