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Pnad 2013: Renda cresce, mas desigualdade aumenta; analfabetismo cai

Fonte: Jornal O Globo /RJ

Pesquisa do IBGE mostra também que aumentou acesso a saneamento e internet. Trabalho infantil diminuiu
 
A desaceleração da economia chegou ao mercado de trabalho. Pela primeira vez desde a crise de 2009, o desemprego subiu, revelou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, realizada pelo IBGE, um dos mais amplos retratos da sociedade brasileira. A renda dos trabalhadores continuou com alta expressiva, de 5,7% em termos reais, mas o maior crescimento ocorreu no topo da pirâmide social e levou a desigualdade de renda a subir depois de 12 anos em queda.
 
O índice de Gini (que mede a desigualdade de renda, quanto mais perto de 1, pior) da renda do trabalho subiu de 0,496, em 2012, para 0,498, em 2013. Mesmo durante a crise financeira internacional, a redução da desigualdade tinha se sustentado. O IBGE e parte dos pesquisadores ouvidos pelo GLOBO vê a variação como uma estagnação.
 
— A gente pode falar de uma estabilização, o que já é ruim. A gente vinha com uma queda da desigualdade há alguns anos. Na Pnad 2012, já havia indício de que tava começando a estacionar. Nessa, não só parou de cair, como apresentou uma levíssima alta — destaca Rudi Rocha, professor do Instituto de Economia da UFRJ.
 
Por outro lado, os trabalhadores continuaram se formalizando e a força de trabalho se tornou mais escolarizada. A proporção de trabalhadores com fundamental incompleto caiu de 27,9%, em 2012, para 25,7%, em 2013, enquanto que aqueles com ensino superior completo passaram de 13,1% para 14,2%. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade caiu de 8,7% para 8,3%, mas ainda existem 13,3 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever.
 
— O processo de formalização é em boa parte guiado por uma mudança estrutural. É basicamente educação. Isso vem ao longo dos anos puxando a formalização para cima — analisa Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
 
MENOS TRABALHO INFANTIL, MAIS ACESSO A BENS
 
Outra boa notícia foi a queda do trabalho entre crianças e jovens. A pesquisa revelou uma redução de 12,3% no número de brasileiros com menos de 17 anos que trabalham. Significa que 438 mil crianças e adolescentes deixaram de trabalhar na passagem de 2012 para 2013, quase três vezes os 156 mil que que fizeram o mesmo movimento em 2012, quando a redução foi de 4,1%. Ainda assim, o país terminou o ano passado com 3,1 milhões de crianças e adolescentes no mercado de trabalho.
 
Os lares brasileiros ampliaram o acesso a bens. Pela primeira vez, mais da metade da população brasileira tem acesso a internet. Em 2013, 50,1% da população tinha acessado a rede alguma vez, seja em casa ou em outro local, ante 49,2%, em 2012.
 
O avanço da telefonia celular continuou em curso em detrimento da telefonia fixa. Do total de domicílios, 53,1% tinham só celular em 2013, acima da taxa de 51,4% de 2012. Dados da pesquisa mostram que caiu 5,6% em 2013 o número de domicílios com apenas telefonia fixa. Isso significa que apenas 1,8 milhão dos 61,5 milhão de domicílios, ou 2,7% do total, tinham apenas telefone fixo.
 
No país, 58,3% residências tinham máquina de lavar, um avanço de 7,8% em relação a 2012. Se a compra de máquinas de lavar segue em crescimento, o interesse por rádios e aparelhos de DVD recuou, com queda de 4,4% e 2,8% no acesso a esses bens. A televisão estava em 97,2% dos domicílios, e a geladeira, em 97,3%.
 
O acesso ao saneamento básico também melhorou no país em 2013. O percentual de domicílios com rede coletora e fossa séptica no Brasil subiu de 63,3% em 2012 para 64,3% em 2013. O aumento foi de 1,5 milhão de domicílios, para um total de 41,869 milhões.

 

 

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