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Cabotagem ajuda a reduzir emissões; assunto será debatido em fórum

Fonte: A Tribuna On-line
 
Transporte marítimo entre portos brasileiros e descarbonização serão temas do Encontro Porto & Mar, na quarta (8)
 
Transporte marítimo entre portos do mesmo país, a cabotagem reduz significativamente as emissões de carbono, já que dispensa um grande número de caminhões que seriam necessários para o mesmo serviço. Assim, descarbonização e cabotagem andam juntas e serão temas de palestras no 1º Encontro Porto & Mar 2024, na próxima quarta-feira, na sede da Receita Federal, em Santos (Avenida Bernardino de Campos, 17).
 
A primeira palestra – O Brasil, a Descarbonizaçao e as Portas para a Transição Global – será ministrada pela diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos. Para ela, o Brasil tem totais condições de liderar a corrida global pela transição na matriz energética.
 
“Temos um movimento global que a gente chama de emergência climática. O mundo inteiro acordou para essa problemática com una urgência enorme, porque você já tem variações do clima que estão afetando as economias – para não dizer as vidas. O Brasil, nesse contexto, tem, provavelmente, as melhores soluções”, afirma Rosana.
 
Segundo a palestrante, o País possui recursos renováveis, capital humano, estradas e uma estrutura portuária. “Dentro desse ataque à emergência climática, será fundamental que a gente tenha portos capacitados, pois vai aumentar a necessidade de transitar mercadorias verdes. E, também nos portos, vai aparecer parte das cadeias industriais dessa nova economia”, prevê.
 
Rosana entende que países como o Brasil serão capazes de produzir mercadorias, produtos e mesmo commodities de baixas emissões. “Precisamos conversar sobre descar-bonização do próprio transporte marítimo. Os portos têm que estar preparados, não só para serem locais onde parte dessa transformação vai acontecer, mas também por onde a exportação brasileira dessas commodities de baixas emissões irá ocorrer”, salienta.
 
Cabotagem
 
A segunda palestra, com o tema A Cabotagem – O que o Governo Espera do Mercado? –, ficará a cargo do secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes. Para ele, já é possível notar avanços após a implementação da BR do Mar, em 2022. Mas há espaço para mais conquistas.
 
“A gente espera um pouco do que já está acontecendo. Que o mercado faça suas contas, se planeje, e comece a utilizar os instrumentos oferecidos com a alteração da lei. Já está acontecendo, o mercado se estruturando, com empresas novas buscando novos tipos de mercados a serem atendidos pela cabotagem. Porém, a ausência de regulamentação da lei, a ausência do decreto regulamentador, certamente dificulta que as empresas façam esse movimento da melhor maneira possível”, pondera.
 
Antunes acrescenta que a palestra de quarta-feira será mais um incentivo à busca por soluções. “Nos itens que independem de regulamentação, o que mais se esperava que pudesse acontecer era a criação de novas empresas e ampliação do afretamento a casco nu (contrato de arrendamento do navio por tempo determinado)”.
 
Missão Coreia
 
Ainda na programação do evento está a agenda da missão internacional, promovida pelo Grupo Tribuna, para a Coreia do Sul, em junho. “Será uma agenda riquíssima. Todos os participantes do Encontro Porto & Mar terão a oportunidade de ver o que vamos fazer (na viagem)”, explica o consultor para assuntos portuários do Grupo Tribuna, Maxwell Rodrigues.
 
O diretor comercial do grupo, Demetrio Amono, ressalta a importância da preocupação técnica na confecção da programação da missão. “Vamos aproveitar o Encontro Porto & Mar para mostrar a agenda 100% fechada. Está tudo confirmado, e agora entramos na reta final de organização”.
 
Especialistas participam de painéis
 
O encontro terá ainda dois painéis. O primeiro, Cabotagem - O Futuro da Navegação no Brasil, receberá autoridades e empresários para discutir o tema.
 
“O evento é extremamente importante para colocarmos, cada vez mais, a pauta da cabotagem em evidência. Em um país continental como o Brasil, com pouco mais de 8 mil quilômetros de costa, o transporte marítimo não só é a via natural, como a mais econômica, eficiente e sustentável”, aponta o CEO da Norcoast, Gustavo Paschoa, um dos participantes do painel.
 
Ele acrescenta que, nos últimos dez anos, a navegação costeira cresceu em média 11% ao ano e segue em ritmo de crescimento acima do PIB e superior ao crescimento da indústria.
 
“Isso mostra que a cabotagem vem ganhando espaço na matriz de transporte brasileira, e que pode e deve sempre fazer parte do planejamento logístico das empresas que atuam em um território tão vasto quanto o nosso”.
 
Paschoa diz que, considerando a responsabilidade ambiental, a cabotagem emite quatro vezes menos gases de efeito estufa, se comparada aos demais modais de transporte, como o rodoviário, segundo o Observatório do Clima, além de causar menos acidentes ambientais.
 
“A cabotagem caminha ao lado de outros setores da economia como agente ativo para a construção de um desenvolvimento social e econômico sustentável. E o Brasil tem potencial para ser um dos protagonistas globais neste segmento”.
 
Debate
 
O segundo painel irá promover um debate, com perguntas e respostas com os colunistas de Porto & Mar de A Tribuna. Será mais uma oportunidade para discutir a cabotagem, entre outros temas do setor.
 
“A única possibilidade de que a cabotagem realmente seja uma modalidade de transporte relevante no Brasil é que o serviço seja regular, pontual, constante e com capacidade”, afirma o consultor Luís Carlos Montenegro.
 
Segundo ele, entretanto, um fator faz com que o País esteja preso na armadilha da demanda X nível de serviço: não há a demanda esperada para um país de dimensões continentais como o Brasil e, por conta disso, não se consegue ter uma oferta com a regularidade e capacidade desejada.
 
“Há uma solução colocada na mesa, já com processo iniciado pelo BR do Mar, que é a oferta de vantagens e benefícios as empresas de navegação de cabotagem, de forma que seja ofertado, em contrapartida, um serviço regular compromissado com a eliminação de externalidades negativas do transporte rodoviário em distâncias muito grandes”.
 

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