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47% dos trabalhadores brasileiros têm dificuldade para dormir

Fonte: UOL
 
 
Quase metade dos trabalhadores brasileiros afirmam ter alguma dificuldade para dormir. Esta é uma das descobertas da pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), realizada com 150 mil funcionários de mais de 300 empresas em todo o país. Ela servirá de base para o Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar, do qual UOL é parceiro, e cujos vencedores serão anunciados em novembro.
 
Entre outros tópicos, a pesquisa investigou como anda a saúde dos trabalhadores. Os dados são alarmantes. Cerca de 47% relatou ter algum tipo de algum problema na hora do sono. Outros 32% afirmaram sofrer com estresse excessivo ou esgotamento mental. E quase 60% diz praticar atividade física com pouca ou nenhuma frequência.
 
Para Rodolfo Araújo, vice-presidente para a América Latina da United Minds, consultoria especializada em recursos humanos, a pandemia de Covid-19 teve impacto direto sobre esses números. "Coisas que se podia resolver numa conversa agora demandam marcar reuniões, conferências, e isso drena muita energia", acredita.
 
E, embora o coronavírus possa ter acelerado iniciativas de RH voltadas para a saúde emocional e psicológica dos trabalhadores, elas podem ser insuficientes sem a devida atenção dos gestores. "Em muitos casos, não temos lideranças sensíveis para lidar com suas equipes a partir desse novo panorama", afirma o consultor.
 
O chefe dorme melhor, mas se estressa mais
 
As faixas etárias com o pior sono são as de funcionários com até 17 anos e aqueles entre 18 e 26 anos. Coincidentemente, quando o critério de análise é o cargo, os que mais afirmam ter dificuldades são os trainees (54%) e estagiários (48%).
 
"As pessoas mais jovens estão sofrendo mais", avalia Araújo. "É uma geração que se cobra muito num momento crítico de vida, de construção da carreira e da independência financeira. Isso por si já gera bastante pressão."
 
Entre os gerentes, 43,7% responderam "durmo bem a noite toda" (só perdem para os diretores e presidentes: 52,1%). Por outro lado, são os que mais se sentem pressionados psicologicamente. Cerca de 51,3% afirmaram que o trabalho gera "estresse excessivo" ou "esgotamento mental".
 
Considerando-se apenas gênero, o estresse afeta homens e mulheres de maneira quase igual (20,5% e 21,2%, respectivamente). Mas elas estão mais esgotadas mentalmente: 17,5% a 12,1%.
 
"O tema da pressão no ambiente de trabalho terá de ser revisto", acredita Araújo. "As pessoas são diferentes, têm constituições familiares e contextos diferentes. Cada vez mais, as organizações precisarão olhar o indivíduo dentro do seu universo particular."
 
Saúde mental não é saúde?
 
Mesmo com esses números, a maioria dos entrevistados avaliou a própria saúde positivamente. Cerca de 64,8% declarou "tenho boa saúde" e apenas 20,1% disse ter "problemas eventuais" (Mulheres relatam mais "problemas eventuais" que homens: 27,1% a 18,9%).
 
Ao que tudo indica, a maioria dos trabalhadores brasileiros não percebe problemas mentais como um fator de saúde. A literatura médica, porém, é repleta de evidências de que ambos os aspectos estão relacionados.
 
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o estresse é o quarto maior fator de risco para infarto no Brasil e, nas mulheres, aumenta essa possibilidade em até 8 vezes. Ele também tem diversas outras consequências, afetando desde a imunidade até a pele. Já a insônia está associada a doenças cardíacas e a acidentes vasculares cerebrais e também à diabetes e à depressão, entre outros problemas.
 
Para Araújo, isso indica que as empresas precisam ter uma abordagem mais "integral" sobre a saúde do funcionário. "Não apenas prover benefícios, mas se comunicar e criar uma cultura de bem-estar", sugere. "Colocar na agenda das lideranças olhar para os fatores de saúde física e mental, boa alimentação, atividades físicas".
 

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