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Contraproposta da Codesp aos empregados pode resultar em greve no Porto de Santos

Fonte: AssCom Sindaport / Denise Campos De Giulio
 
 
Indecorosa e ultrajante. Essa foi a avaliação que a direção do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport) após analisar a contraproposta referente à Campanha Salarial 2019 dos empregados da empresa, encaminhada na última semana pela direção da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que poderá ter suas atividades paralisadas por tempo indeterminado no primeiro dia de julho.
 
Longe de atender aos anseios e reivindicações dos quase 1.400 colaboradores da estatal que administra o Porto de Santos, sobretudo depois da expectativa criada pelo presidente da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho, em relação à valorização do material humano existente na companhia, a contraproposta patronal foi alvo de muitas críticas por parte das lideranças sindicais.
 
"Apesar de parabenizar a iniciativa da diretoria da Codesp em convocar pela primeira vez uma reunião com as entidades sindicais 30 dias antes do término de validade do acordo coletivo de trabalho, vi tal atitude com extrema preocupação uma vez que os novos mandatários já estavam demonstrando, através de atitudes e manifestações públicas, um certo menosprezo pela rica história da categoria", afirmou o presidente do Sindaport, Everandy Cirino dos Santos.
 
Durante a reunião realizada no último dia 06, na sede da companhia, o diretor de Administração e Finanças, Fernando Biral, deixou claro que a contraproposta da Codesp ficaria "longe" da pauta de reivindicações apresentada pelo Sindaport, em razão de algumas "diretrizes de Brasília e condições da SEST (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais) para aprovar o ACT". A manifestação consta da ata do encontro.
 
Mesmo agendada para a próxima quinta-feira (16) uma nova rodada de negociações entre trabalhadores e Codesp, o líder máximo do Sindaport avalia que se a contraproposta da empresa não for revista e melhorada, a greve no maior e mais importante complexo portuário da América Latina será iminente.
 
De acordo com Cirino, ao optar preliminarmente por não tecer críticas públicas a alguns atos de gestão implementados pela nova diretoria da Autoridade Portuária de Santos, o Sindaport foi alvo de severas críticas por parte de alguns associados. "Criou-se uma celeuma no seio da categoria, pela qual choveram julgamentos precipitados por parte dos mais ferrenhos, bem como elogios dos que entenderam como inteligente a posição do Sindicato em priorizar a renovação do acordo trabalhista e a delicada questão que trata da tão almejada recuperação do Portus", explicou Cirino.
 
Segundo Cirino, a nova administração da Docas paulista está sendo encarada pela mídia local e empresários do segmento como inovadora e revolucionária. "A exemplo das anteriores, que sempre chegam com ideias, estudos e projetos mirabolantes, a nova diretoria vem recebendo total apoio dos órgãos de imprensa e das autoridades locais constituídas, o que é absolutamente natural e previsível quando a Codesp renova seu comando, sem falar de algumas figuras da classe patronal, manjadas, interesseiras e já habituadas a acender velas para os diretores que assumem os postos nos principais escalões da estatal."
 
O fator Bolsonaro também é importante no atual momento. "O cenário é favorável para uma mudança de rumo na gestão da Codesp e consequentemente do Porto de Santos, principalmente depois dos lamentáveis acontecimentos que mancharam o nome da empresa, até porque os novos diretores foram todos indicados pelo atual governo, o qual, é bom que se diga, ainda não disse a que veio e gradativamente vem sofrendo sucessivas derrotas no Congresso Nacional", pontuou o sindicalista. 
 
Para Cirino, os atuais gestores da Codesp não podem desconstruir o passado de lutas e conquistas obtidas ao longo de décadas pela categoria. "Muitas das cláusulas do acordo coletivo vigente foram obtidas após muitas batalhas e são fruto da bravura e coragem dos companheiros, que certamente não se curvarão facilmente diante de qualquer ameaça de prejuízo intentada pela empresa, e nesse sentido lembro aos novos diretores que não se constrói um porto para o futuro sem respeitar e manter a sua." 
 
O presidente do Sindaport já adianta que na reunião de quinta-feira irá pleitear a manutenção de todas as cláusulas do acordo vigente. "Não aceitamos essa imoral proposta e se a empresa insistir em permanecer à sombra do SEST e sem qualquer autonomia, o que contraria até mesmo o discurso do presidente Tércio, então que se posicione e manifeste sua concordância com o ingresso de dissídio coletivo, evitando assim uma greve que seguramente será deflagrada no Porto de Santos." O prazo estabelecido pela direção do Sindaport para que a Codesp reveja sua contraproposta inicial é 30 de junho.
 

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