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Porto do Rio recebe autorização da Marinha para operar com navios de grande porte

Fonte: O Globo
 
Expectativa do setor é que porto comece a receber embarcações com calado maior a partir de outubro
 
 
Após obras de dragagem no canal de acesso, o Porto do Rio já está preparado para receber navios maiores, do porte daqueles que ancoram em grandes terminais europeus. A expectativa do setor é que, a partir de outubro, o porto comece a receber embarcações com calado maior e, assim, possa competir em igualdade de condições com outros terminais do país, como Santos, onde problemas de dragagem têm levado empresas a embarcar com menos carga de lá ou desviar rota para desembarcar parte da carga antes de alcançar o porto na Baixada Santista.
 
A Capitania dos Portos autorizou o início das manobras no Porto do Rio, inicialmente em fase experimental, no dia 3 de agosto. Também foi feita a homologação de todo o processo (nova configuração do canal de acesso, incluindo o calado ampliado e o novo balizamento) pela Marinha.
 
Luiz Henrique Carneiro, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários e diretor-presidente da Multi-Rio, terminal de contêineres no Porto do Rio, e da Multi-Car, do grupo Multiterminais, explicou que a transição para receber navios de maior porte será feita de forma progressiva, com a operação de manobras experimentais em duas etapas principais.
 
— O que se pode dizer é que a infraestrutura portuária adequada é condição necessária para o desenvolvimento da região atendida pelo porto. Não tem desenvolvimento se não tiver porto eficiente, especialmente numa região como o Rio de Janeiro — Carneiro. — Acredito que os navios maiores devem começar a chegar no final de outubro.
 
Segundo o executivo, em uma primeira etapa (ramp up 1) será testado o aumento de calado dos atuais navios que frequentam o Porto do Rio. Atualmente, só é possível manobrar navios com no máximo 13 metros de calado, 300 metros de comprimento e 42 metros de largura. Ao final do ramp up 1, o calado máximo passará a 14,3 metros, equivalente ao dos maiores portos europeus.
 
De acordo com Carneiro, na sequência, será possível dar início à segunda etapa de operações (ramp up 2), com navios de porte maior, que é o objetivo principal de todo projeto de dragagem do Porto do Rio.
 
— Com isso, o Porto do Rio estará apto a receber navios de até 340 metros de comprimento, 48,5 metros de largura e 14,3 metros de calado, compatíveis com os maiores porta-contêineres que atualmente frequentam os tráfegos da Costa Leste da América do Sul — destacou.
 
A melhora na infraestrutura do Porto do Rio tende a beneficiá-lo, pois o porto com maior movimentação de carga no Brasil, o de Santos, enfrenta problemas de dragagem. Entre abril e setembro, há o assoreamento do porto devido a questões climáticas. O fenômeno é típico dessa época do ano e coincide com o período de maior movimentação de cargas devido à safra de grãos.
 
O problema poderia ser resolvido com obras de dragagem, mas estas não foram concluídas. Por isso, desde o início de julho, há restrições para navios com calado superior a 12,6 metros.
 
Diante desse obstáculo, empresas como a Maersk Line tiveram que desviar a rota para deixar o navio “mais leve” e, assim, conseguir atravessar a barreira do porto de Santos. Como o Porto do Rio ainda dependia de homologação da Marinha para receber embarcações maiores, a escolha foi o Porto de Itaguaí, também no Estado do Rio.
 
— Como a mudança (no calado) foi repentina em Santos, tivemos que deviar um navio para Itaguaí, descarregar parte da carga lá antes de continuar a viagem até Santos — afirmou João Momesso, diretor de Trade e Marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul.
 
A empresa também está embarcando com menos contêiner de Santos. Em média, disse Momesso, são 7 mil toneladas (ou 220 contêineres) a menos por navio que sai do terminal. Esses navios têm capacidade de 110 mil toneladas.
 
Antonio Passaro, presidente da Brasil Terminal Portuário (BTP), que fica no Porto de Santos, estima que, com a menor movimentação de cargas, os operadores portuários tenham amargado perda de R$ 35 milhões somente na primeira semana de restrições de calado.
 

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