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O bom

Fonte: AssCom Sindaport / Denise Campos De Giulio


 
Tudo bem que o carro não é vermelho e que ele não usa o espelho para se pentear. Também pouco importa se ele deixa o cabelo cair na testa ou usa botas sem meias para trabalhar, não na areia, mas na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), onde é o verdadeiro dono da festa.  
 
Seja no Baile Oficial de Santos, no badalado jantar Por Uma Boa Causa, na disputada festa anual promovida pelo megaempresário Armênio Mendes em prol da Escola Portuguesa, assim como nos almoços rotarianos, exposições na Pinacoteca Benedito Calixto, peças teatrais e shows musicais, além, é claro, no Sambódromo Dráuzio da Cruz, quando ele aparece o comentário é geral. 
 
Figura recorrente nos programas de TV e nas colunas sociais tal qual arroz de festa, segue literalmente marcando terreno nos principais eventos culturais e gastronômicos da região, atraindo cada vez mais a atenção dos sedentos paparazzi e demais profissionais da mídia especializada local. 
 
No âmbito profissional e com menos de um ano no cargo ele já é considerado um dos "dez mais" entre todos os que já estiveram à frente da estatal, superando até mesmo verdadeiras lendas que muito contribuíram para o Porto de Santos, como Sérgio da Costa Matte e Hélio Nascimento, além de figuras "inesquecíveis" tais como Rogério Gragnani (putz!!!), Paulo do Carmo (mamãe!!!), Wagner Rossi (afffffff...), José Carlos Melo Rego (vixe maria!!!), Marcelo Azeredo (socorro!!!), entre outros. 
 
Sim, estamos falando de Alex Oliva, mandatário da Codesp, que suplantou a tudo e a todos depois de mais uma vez inovar em sua singular gestão, passando a desfilar pelas curvas da estrada de Santos e do próprio complexo portuário a bordo de um luxuoso, possante, moderno e blindado calhambeque Corolla. Claro está que para não quebrar a banca dos bicheiros da Baixada Santista a placa do bólido será aqui preservada.
 
Embora não se tenha notícia de nenhuma queixa registrada na autoridade policial do Município, Civil e Federal, segundo a rádio peão, o fenômeno da comunicação, a iniciativa decorre de uma suposta ameaça anônima recebida pelo presidente da estatal portuária recentemente.
 
Nesse sentido, entre os muitos olhos gordos que o cercam há quem garanta que Oliva poderia priorizar os cofres da estatal eliminando os custos do sobejo mimo uma vez que na sua privilegiada qualidade de "zifio" já é muito bem protegido, inclusive do fogo amigo, pelos orixás e Zé Pelintras de plantão.
 
Ao lançar mão de um tanque urbano, o atual mandatário da Codesp superou até mesmo um de seus mais famosos antecessores, o engenheiro Paulo Peltier de Queiroz Júnior, que por ordem do ex-presidente Fernando Collor de Mello ousou demitir, por telegrama, 5.372 portuários empregados da empresa. 
 
Odiado e maldito por uma cidade inteira que se uniu aos legítimos doqueiros (xô gafanhotos) na defesa do mercado de trabalho, Peltier jamais demonstrou qualquer temor a ponto de fazer uso de um automóvel dotado de material com resistência balística, ainda que o delicado e conturbado momento justificasse.
 
Por ocasião daqueles turbulentos dias de verão, em fevereiro de 1991, coube a sempre competente e eficiente Guarda Portuária, a famosa "setenta", o cotidiano acompanhamento não apenas de Paulo Peltier como também de seus pares de diretoria, quando necessário, sem exageros e dentro da mais absoluta normalidade.  
 
Por conta da caranga, Oliva já vem sendo chamado de "O Bom", em alusão ao hit com o mesmo nome lançado em 1967 e que fez muito sucesso com o cantor Eduardo Araújo. Em razão de sua cor preta o blindado também já recebeu o apelido de Batmóvel, o que acabou levantando outra polêmica cujas apostas aumentam de valor a cada dia para saber quem é o Robin entre os muitos assessores do presidente, lembrando que Carlos Antônio de Souza, o Carlinhos, já foi defenestrado de Gotham City no recente episódio dos vídeos. 
 
Considerada por muitos uma desnecessária ostentação, um gesto inútil e um gasto dispensável, a utilização do veículo blindado vem motivando muita especulação, sobretudo porque não se tem notícia ou registro de algo semelhante na rica história da Codesp, estatal que administra o Porto de Santos, podendo se dizer o mesmo em relação a sua antecessora e já extinta Companhia Docas de Santos (CDS), fundada em 1892.
 
Verificados os anais em período anterior, de 1888 a 1891, que por muitos especialistas e historiadores é considerado como embrionário da docas paulista, inicialmente batizada com o nome de Empresa de Melhoramentos do Porto de Santos, tampouco se constatou uma excessiva proteção pessoal por parte dos empresários concessionários no uso de qualquer meio de transporte da época, movido a gás, petróleo, carvão ou por animais.
 
Além disso, os pesquisadores do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport) apuraram que em quase 130 anos de história nenhum dos presidentes que se sucederam à frente da companhia fizeram uso de veículo com tal equipamento, dentre outras pompas e magnificências que se tornaram comuns na atual gestão. 
 
Por fim, considerando que até mesmo os fundadores da companhia, Cândido Gaffrée e Eduardo Guinle, se colocaram à margem de tamanha opulência e pavoneio, não resta a menor dúvida de que nesse quesito Alex Oliva se encontra acima de todos, indiscutivelmente. Ele é o bom, é o bom, é o bom...


 

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