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Executivos da Usiminas culpam crise econômica por demissão de 4 mil trabalhadores

Fonte: Agência Câmara de Notícias



Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, dois executivos da siderúrgica Usiminas atribuíram à crise econômica a demissão de 4 mil trabalhadores, anunciada para o dia 31 de janeiro.
 
O presidente da empresa, Rômel Erwin de Souza, e o presidente do Conselho de Administração da Usiminas, Marcelo Gasparino da Silva, foram convocados a pedido do deputado Marcelo Squassoni (PRB-SP), que questionou as demissões, mesmo depois de a Usiminas ter recebido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) empréstimos no valor total de R$ 2,3 bilhões, em 2006 e 2011.
 
Rômel Erwin afirmou que os financiamentos obtidos junto ao BNDES estão em dia. Segundo o executivo, entre 2006 a 2013, o BNDES emprestou R$ 3,7 bilhões à empresa, dos quais ainda faltam ser pagos R$ 674 milhões, pagamento que está dentro do prazo.
 
Concorrência com a China
 
De acordo com o presidente da empresa, a Usiminas foi obrigada a paralisar a produção primária de aço na unidade de Cubatão (SP) em decorrência da queda do mercado interno e da concorrência do aço chinês.
 
Para o presidente da Usiminas, a crise atual da economia é muito pior que a de 2008. “A queda no mercado interno é muito maior, o período é mais longo e o mercado externo, por causa da China, está muito mais competitivo”, disse, ao justificar a paralisação de uma unidade da empresa em Cubatão (SP) e as consequentes demissões.
 
Souza e Marcelo Gasparino disseram que a empresa está sendo obrigada a demitir 4 mil trabalhadores para preservar outros 16 mil empregos gerados pela companhia.
 
Eles disseram isso ao responder pergunta do deputado Marcelo Squassoni. “Essas demissões vão atingir milhares de pessoas em uma região que já está afetada pelo desemprego e pode ter impacto profundo nos serviços básicos do município de Cubatão”, disse o deputado.
 
Segundo o presidente da empresa, a Usiminas fez investimentos com a perspectiva de crescimento econômico e de aumento da demanda de aço pela indústria automobilística e naval – para a exploração do petróleo do pré-sal – mas nada disso se confirmou. “A indústria automobilística previa a produção de 5 milhões de unidades e produziu apenas 2,5 milhões”, disse Souza.
 
O deputado Squassoni defendeu medidas protecionistas para dificultar a entrada, no Brasil, de aço produzido na China, que tem um excedente de 400 milhões de toneladas do produto e está vendendo a preços baixos no mercado internacional.
 
De acordo com o executivo, nem medidas protecionistas, atualmente, resolvem o problema. “O maior problema é que o mercado interno caiu”, disse. “O problema é que o Brasil parou de crescer”, disse o deputado Carlos Melles (DEM-MG).
 
Impacto das demissões
 
Ao ser questionado pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o presidente da Usiminas admitiu que a empresa não apresentou ainda ao sindicato dos trabalhadores da unidade de Cubatão (SP) qualquer plano para diminuir o impacto das 4 mil demissões.
 
“A Usiminas cumpriu a exigência de recolocar os trabalhadores no caso de demissão?”, perguntou Zaratini, mencionando obrigações contratuais previstas no contrato de empréstimo do BNDES.
 
Segundo o presidente da empresa, o contrato exige que a Usiminas auxilie na recolocação dos trabalhadores demitidos apenas se as demissões ocorrerem em função do investimento feito com o empréstimo. “Não é isso que aconteceu”, disse Rômel Souza.
 
A parcela de financiamento do BNDES destinada à unidade de Cubatão, que produz 2 milhões de toneladas de aço por ano, segundo ele, foi de R$ 870 milhões, empregados em um laminador de tiras a quente, área que vai continuar a produzir.
 
A prefeita de Cubatão, Márcia Rosa (PT), acompanhou o depoimento dos dois executivos e não ficou satisfeita. "A Usiminas obteve empréstimos de um banco público, dinheiro do povo brasileiro, e tem obrigações para com os trabalhadores e para evitar uma crise social na região", disse.
 

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