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Pesquisa mostra que sarcasmo melhora desempenho profissional

Fonte: UOL
 
Você acabou de almoçar, voltou para o escritório e, antes de recomeçar o batente, resolveu dar uma espiada no Facebook. Um colega passa e diz: "Tá trabalhando duro, hein?".
 
Você: a) se ofende; b) termina calmamente o que estava fazendo e começa a trabalhar, como faria de qualquer forma; ou c) dá risada e se anima a voltar a trabalhar?
 
Se você respondeu a opção c, você provavelmente tem uma relação de confiança com o seu colega. Ele sabe que você cumpre suas obrigações, mesmo que faça alguns intervalos. E você está seguro de que ele acredita no seu trabalho e até gosta dessas provocações; afinal, elas tornam o ambiente mais estimulante.
 
Esse é o tipo de relação que toda empresa deveria cultivar, de acordo com estudo sobre sarcasmo feito em parceria por três pesquisadores das universidades Harvard e Columbia e da escola de negócios francesa Insead.
 
Diz o estudo que o sarcasmo é um catalisador da criatividade e ajuda os funcionários a inovarem, terem "insights" e resolverem problemas. Mas se, e somente se, usado em um ambiente de confiança. Do contrário, pode potencializar conflitos.
 
O limite entre uma fala "engraçadinha" e uma ofensa é tênue. E os pesquisadores defendem o desdobramento da pesquisa para que se compreenda melhor quando o sarcasmo se torna assédio.
 
"É preciso definir os níveis de sarcasmo. Se for mais agressivo, pode não ter efeito positivo", disse Li Huang, da escola de negócios Insead. O estudo tampouco diferenciou cargos hierárquicos, outro aspecto a ser desenvolvido futuramente.
 
"Não sabemos qual seria o efeito de uma fala sarcástica ser usada em uma competição por status", afirmou Huang. "Intuitivamente, eu diria que o sarcasmo produz esse efeito estimulante quando usamos com 'gente como a gente'."
 
GINÁSTICA MENTAL
 
Na definição usada pelos pesquisadores, ser sarcástico é expressar o oposto do que se pensa com a intenção de comunicar algo verdadeiro. Ou seja, você não estava trabalhando; seu colega sabe disso e diz o contrário, no intuito de te passar um recado.
 
Essa ginástica mental exige pensamento abstrato: você deve se desprender do significado literal para captar a mensagem. O esforço estimula a criatividade, mostrou a pesquisa.
 
Quatro tipos de testes com cerca de 700 americanos de 18 a 75 anos realizados nos últimos dois anos e meio nos Estados Unidos pela internet e presencialmente mostraram que as pessoas respondem com mais inteligência quando submetidas a um ambiente sarcástico.
 
Uma das tarefas, conhecida como "Duncker Candle Problem", consiste em oferecer ao participante uma caixa repleta de tachinhas e uma vela. A pessoa deve pregar a vela na parede e acendê-la sem derramar cera no chão.
 
Os participantes desse experimento tinham sido previamente divididos em cinco grupos. O primeiro fora estimulado a relatar uma experiência em que tinha sido sarcástico. O segundo, em que tinha ouvido um comentário sarcástico. O terceiro, em que tinha falado algo sincero. O quarto, em que tinha ouvido algo sincero. Ao quinto —o grupo controle— foi pedido que contasse a última conversa em que a pessoa havia dado ou pedido orientações para chegar a algum lugar, ou seja, uma conversa trivial.
 
Mataram a charada —que consiste em apoiar a vela na caixa e pregá-la na parede— 64% do primeiro grupo e 75% do segundo. O terceiro (26%), o quarto (32%) e o quinto (30%) grupos apresentaram resultados menos empolgantes.
 
Com os outros experimentos, os pesquisadores tentaram dar complexidade ao resultado da pesquisa. Em um deles, por exemplo, os participantes ouviram de fato um comentário sarcástico ou sincero em vez de se lembrarem de um.
 
DOBRAR A APOSTA
 
O estudo faz a ressalva de que mesmo abordagens inofensivas são percebidas como mais desdenhosas que um comentário sincero.
 
Por exemplo: no primeiro dia de trabalho de um colega recém-contratado, chove torrencialmente. Um funcionário o recebe assim: "Encomendamos esse tempo especialmente para você". Isso pode ser o ponto de partida de uma relação conflituosa.
 
Segundo os pesquisadores, talvez seja mais prudente brincar com quem se tem alguma intimidade. O recado está dado. 
 

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