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CNC: Parcela de endividados aumenta em julho

Fonte: G1
 
Pressionada por crédito mais caro e inflação persistente, a parcela de famílias endividadas aumentou de 62,5% para 63% entre junho e julho e ficou acima da taxa de julho de 2013 (65,2%), informou há pouco a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao mesmo tempo, a parcela da renda das famílias comprometida com dívidas subiu de 30,2% para 30,3% no período - sendo que era 29,2% em julho do ano passado.
 
O cenário acende sinal de alerta para o futuro dos indicadores de inadimplência, diz a entidade. Embora permaneçam relativamente estáveis e até mesmo em desaceleração, até julho, podem voltar a subir nos próximos meses, alertou o economista da confederação, Bruno Fernandes. "A inadimplência não sobe, pois ainda temos bom desempenho no mercado de trabalho", afirmou. "Mas o crédito vai continuar mais caro; e a inflação, embora menos pressionada, também incomoda", disse, acrescentando que as famílias também têm que lidar com a desaceleração no crescimento do ritmo de renda - o que afeta seu poder de compra, bem como sua capacidade de pagamento de débitos. "Não vemos melhora no curto prazo", comentou.
 
Os dados citados por Fernandes englobam a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje pela confederação. A pesquisa apurou que o aumento no percentual de endividados foi notado tanto entre famílias de maior poder aquisitivo quanto as de menor orçamento. Entre as que ganham até dez salários mínimos, aumentou de 63,9% para 64,3% de junho para julho as que admitiram ter dívidas. Já entre as com ganhos acima dessa faixa, subiu de 55,8% para 57% a parcela dos que declararam ter algum tipo de débito, no mesmo período. O cartão de crédito continuou como a modalidade mais comum de dívida, sendo citada por 76,6% das famílias endividadas, seguida por carnês (16,3%); financiamento de carro (13,2%).
 
Fernandes explicou que, com juros mais altos, e o crédito mais caro, as famílias tornam-se mais cautelosas a tomar novos empréstimos e financiamentos. No entanto, observou que, com o custo mais elevado de crédito e uma inflação persistente, isso na prática diminuiu a folga no orçamento do consumidor, que já está afetada pelo menor ritmo de crescimento na renda do trabalhador. Isso faz com que se recorra mais a empréstimos, para fazer frente às obrigações de pagamento.
 
O levantamento mostrou ainda que, entre as famílias que se declaram endividadas, 18,9% admitem estar com débitos em atraso - percentual inferior ao observado em junho (19,8%) e em julho do ano passado (22,4%). Nesse segmento, a fatia dos que declararam não ter condições de quitar seu endividamento foi de 6,6% em julho, parcela idêntica a de junho e inferior a de julho do ano passado.
 
Embora tenha destacado que os dados de inadimplência são favoráveis, Fernandes comentou que os fatores que compõem o cenário atual não são de rápida resolução. Caso o ambiente de crédito mais caro; inflação ainda persistente; e desaceleração no ritmo de renda persista, esses fatores podem influenciar trajetória ascendente da inadimplência no futuro, mesmo em um cenário de mercado de trabalho ainda favorável, com desemprego em baixa. "Não estamos pessimistas em relação à inadimplência; mas também não estamos otimistas. Pode ser que tenhamos um cenário menos favorável para a inadimplência mais à frente", salientou.
 

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