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Tecnologia nacional garante manobras de navios mesmo sem sinal de GPS

Fonte: BE News
 
Sistema desenvolvido pela Navigandi, testado em Santos, mantém precisão na navegação.
 
As recentes especulações sobre um possível bloqueio do sinal de GPS no Brasil, levantadas no cenário político internacional, reacenderam o debate sobre a dependência dessa tecnologia na navegação marítima. Embora especialistas considerem improvável que a medida seja adotada, a hipótese acendeu um alerta, já que a maioria das embarcações que operam em águas brasileiras utiliza exclusivamente o GPS na frequência civil L1, o que poderia torná-las vulneráveis a uma eventual interrupção do serviço.
 
Na Praticagem, responsável por conduzir navios nas manobras de entrada e saída dos portos, uma solução desenvolvida no Brasil já mostrou ser capaz de manter a precisão das operações mesmo sem o GPS. Criado pela startup Navigandi, o Portable Pilot Unit (PPU) Navigandi Orbis foi submetido a testes em Santos com o sinal norte-americano desabilitado. O sistema manteve ativas outras constelações globais, como GLONASS (Rússia), Galileo (Europa) e BeiDou (China), associadas a um algoritmo próprio de fusão sensorial, garantindo dados confiáveis em tempo real.
 
A validação em condições reais ocorreu no último dia 4 de agosto, no Porto de Santos, durante a manobra de saída do navio Maersk San Vincent, de 331,1 metros de comprimento e 48,54 metros de largura, no Terminal Embraport. As antenas do PPU foram instaladas a bordo e, a partir delas, informações como posição, velocidade, aproamento, taxa de guinada e distâncias para margens e outras embarcações foram transmitidas para um tablet. A precisão, de nível centimétrico, permite ao prático visualizar toda a movimentação sobre a carta náutica atualizada, ampliando a consciência situacional durante a manobra.
 
De acordo com o vice-presidente da Praticagem de São Paulo e instrutor de cursos de atualização, Bruno Roquete Tavares, o uso do PPU faz parte da rotina dos práticos desde 2012 e já é utilizado em portos de todo o Brasil. “Quando um navio de grandes dimensões chega ou parte, normalmente embarcam dois práticos, e o segundo leva o PPU. É um recurso portátil, que não depende exclusivamente dos sistemas do navio, e oferece um auxílio adicional na condução”, explicou.
 
Segundo ele, todos os práticos recebem treinamento para operar o equipamento ainda durante o processo de formação. “Cada fabricante tem um tipo de operação, mas o manuseio é ensinado desde o início. O prático aprende a instalar as antenas e a interpretar os dados de forma integrada com os demais instrumentos de bordo”.
 
Tavares também destacou que a Praticagem dispõe de alternativas caso o GPS deixe de funcionar, seja por falha técnica ou por questões geopolíticas. “Além do PPU, podemos utilizar outros sistemas de satélite já existentes, como o russo, o japonês e o europeu. E mesmo que todos esses recursos falhem, a navegação visual, apoiada por radar e pela experiência do prático, continua sendo a base da segurança nas manobras”, ressaltou.
 
Para a empresa desenvolvedora do sistema, o PPU nacional garante a autonomia tecnológica do setor. “Em um contexto de possíveis restrições ao acesso a tecnologias críticas, acreditamos que ter um parceiro nacional é essencial para garantir a resiliência do setor marítimo brasileiro”, disse o diretor da Navigandi, Rodrigo Barrera.
 

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