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Mário Povia, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Infraestrutura

Fonte: A Tribuna On-line
 
Com 27 mantenedores e parceiros, como o Grupo Tribuna, entidade visa colaborar com o ambiente logístico-portuário
 
O Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), com sede em Brasília, não tem um ano de vida, mas já possui musculatura de gente grande. Com 27 mantenedores, além de parceiros, como é o caso do Grupo Tribuna, a entidade tem no horizonte colaborar com o ambiente logístico-portuário no País. No comando, está o ex-secretário nacional de Portos, Mário Povia. Em entrevista para A Tribuna, ele garante que o IBI possui um planejamento estratégico para o futuro, mas sempre atrelado à atuação da Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos do Congresso Nacional, presidida pelo deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), numa simbiose que busca soluções e investimentos importantes.
 
Como surgiu o IBI?
 
A criação das frentes parlamentares ocorre para dar suporte a determinadas áreas que o Congresso Nacional repute como estratégicas. As frentes não têm personalidade jurídica, são criadas administrativamente dentro do Poder Legislativo. Elas se valem de institutos para isso. É o que chamam de braço técnico, que dá suporte a essas frentes. E os institutos não são mantidos com dinheiro público, mas, normalmente, por associações ou empresas que tenham interesse em levar essa agenda adiante. O IBI surgiu para ser o braço técnico da Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos.
 
Em poucos meses, o IBI já atingiu grande visibilidade...
 
Teve a questão do túnel entre Santos e Guarujá, apesar de ele ter uma frente parlamentar própria. Mas foi um momento de muita mídia, muita expectativa com a chegada de um novo governo, com um novo ministério, exclusivo para Portos e Aeroportos. E, sobretudo, uma agenda que é desafiadora, mas que alinha, a reboque, uma série de investimentos que já estão sendo realizados. Os portos estão preparados, com equipamentos e infraestrutura para movimentar mais carga, mas a gente começa a ver uma estrutura externa de acesso sendo colocada à mesa.
 
São quantos associados hoje ao IBI?
 
Estamos com 27 mantenedores, começamos em outubro com o nosso CNPJ. Tivemos que fazer algumas alterações estatutárias, para ficarmos em compliance com outras empresas. Tudo isso em seis meses. Já nascemos grandes.
 
Mais recentemente houve a chegada do Grupo Tribuna...
 
É um parceiro, porque temos objetivos em comum (o Grupo Tribuna passou a coordenar o Núcleo de Estudos de Tecnologia e Inovação do IBI no mês passado, com Maxwell Rodrigues). Dentro desse acordo de cooperação, tem uma pauta importante de inovação, muito cara para nós. Mas não é só isso: temos iniciativas visando questões ambientais, que é algo transversal. Há preocupação com mudança de clima, algo presente na sociedade. E o Grupo Tribuna, como principal grupo de comunicação da Baixada Santista, tem muito a agregar com a gente, principalmente para difundir as nossas iniciativas e, também, para nos ajudar nessa pauta. Estou muito animado. O IBI está muito bem acompanhado.
 
Este ano, o Grupo Tribuna fará uma missão internacional para a Coreia do Sul. Como o IBI vê esse intercâmbio?
 
Estaremos nessa missão. Sem dúvida, precisamos estar atentos às boas práticas. A Coreia do Sul é um caso de sucesso. Décadas atrás, o país optou por investir maciçamente em educação e, hoje, já colhe frutos. Se o Brasil entrasse nessa linha, as coisas ficariam mais fáceis depois. Um modelo de sociedade onde haja compreensão para cuidar do meio ambiente, que as pessoas prosperem, tenha uma distribuição de renda, o pleno emprego. Tudo vem a reboque: o desenvolvimento tecnológico deles é fantástico. Essa viagem tem esse condão de sensibilizar, mostrar que é possível. Vamos ter um trabalho longo pela frente. Acho que ainda não nos demos conta disso, mas já começamos. Temos casos de sucesso, como o agronegócio, a indústria aeronáutica, com a Embraer, a própria Embrapa. A expectativa é muito grande por essa viagem.
 
Como é a visão de quem passou pela Secretaria Nacional de Portos e viu – por dentro – a busca pela mitigação de gargalos nos portos?
 
Nós sempre seremos desafiados em termos logísticos no Brasil, por mais competente que a gente seja. Isso pela característica continental que o Brasil tem e pela disparidade regional em termos de riqueza e distribuição de infraestrutura. Temos uma capacidade muito grande de construir as coisas. Essa questão do escoamento de grãos pelo Arco Norte, por exemplo. Há dez anos, isso era algo impensável. As coisas acontecem, apesar de toda dificuldade que nós temos. Não temos dinheiro público suficiente para investir em infraestrutura, isso de longa data. No atual governo, a gestão portuária mudou um pouco, é contra uma concessão pura do porto organizado. Mas já se fala de concessões parciais, de canais de acesso. Temos muita coisa para enfrentar.
 
O que pensa sobre a necessidade de revisão da legislação do setor?
 
Essa comissão de juristas que foi designada pelo presidente da Câmara dos Deputados, para revisar o marco regulatório do setor portuário pode contribuir bastante nessa agenda de desburo-cratização. A gente não pode continuar a fazer desaforo para investimento. O investimento é volátil, vai para outros países. A questão da insegurança jurídica é importante. No setor portuário, temos cumprido, rigorosamente, os contratos, reequilibrando quando necessário. A estabilidade regulatória é fundamental para o setor.
 
O Governo Federal anunciou, recentemente, a criação da Secretaria de Hidrovias e Navegação. O que pensa disso?
 
É um resgate. Assim como o presidente Lula criou, em 2007, a Secretaria Especial de Portos com status de ministério. Foi um resgate das injustiças com o setor portuário, que nunca tinha um protagonismo. Aquilo foi um divisor de águas. Se for ver, a partir dali o setor portuário ganhou uma outra expressão em termos políticos, em termos de relevância. Acho que é o que está acontecendo agora, com criação dessa secretaria. O desafio será enorme. São regiões remotas, de licenciamento ambiental difícil, com áreas indígenas, questões de falta de informação.Portanto, qualquer viabilização vai ser depois de muito esforço.
 
Para finalizar: dá para planejar o crescimento do IBI nos próximos cinco anos?
 
Temos eixos temáticos que nós elegemos. E, para cada um deles, há um grupo de mantenedores, um coordenador, um parlamentar patrocinando o grupo. Nossa ideia é, efetivamente, mobilizar, dar uma dinâmica e trabalhar fortemente. Não sei o que vai acontecer daqui a cinco anos. Temos um planejamento estratégico. Eles não são herméticos, mas nossa ideia é trabalhar com associações, empresas, governo e agências reguladoras. E tentar empurrar essa agenda. E dar nossa contribuição, já que temos experiência. E o Congresso Nacional vai ser um grande parceiro.
 

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