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Dwell time em portos brasileiros vem crescendo em 2022, aponta relatório

Fonte: Portos e Navios
 
Dados da plataforma Project44 destacam que tempo médio de permanência de contêineres subiu em Navegantes e Paranaguá e se manteve relativamente estável em Santos.
 
Um relatório da Project44 destacou que o tempo de permanência de contêineres de exportação (dwell time) vem aumentando nos portos brasileiros ao longo de 2022. De acordo com dados da plataforma, o tempo médio de permanência das exportações em Navegantes (SC) passou de 9,7 dias para 8,7 dias, representando queda de 10%, enquanto Paranaguá (PR) subiu de 9 dias para 10,5 dias (+16,6%), entre abril e maio. Já o tempo médio no Porto de Santos (SP) permaneceu relativamente estável em cerca de 5 dias.
 
Na importação, o dwell time está diminuindo nos portos da América do Sul e Central. O tempo de permanência dos contêineres de importação tiveram queda constante ao longo de 2022. O relatório destacou que o tempo médio de permanência de importação em Navegantes passou de 8 dias para 7 dias, queda de 12,5%, enquanto Paranaguá caiu de 6 dias para 4 dias (-33%). No Porto de Santos, o tempo de permanência para importação continua com bom desempenho, permanecendo abaixo de 2 dias durante grande parte de 2022.
 
O dwell time aumenta a formação de estoques de contêineres nas áreas de terminais molhados. O coordenador do Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo da Associação Comercial de São Paulo (Comus/ACSP), José Cândido Senna, explicou que, à medida em que esse tempo de permanência do contêiner aumenta, os estoques se acumulam e impactam a configuração de estocagem e o esquema de empilhamento pelos equipamentos, podendo gerar dificuldades na mobilidade dos contêineres e trazer repercussões para o cais e para áreas de expedição e recepção.
 
O Comus observa que os dwell times em Santos sempre foram muito altos e tiveram um alívio com a entrada em operação dos terminais da Embraport (atual DPW) e BTP. “Durante muito tempo, com dwell times elevados, considerávamos que existia em Santos um ‘novo porto’ dentro do porto. Na medida em que se reduzisse esses dwell times, ganharíamos enormemente capacidade de movimentação nos terminais, sobretudo nos pátios de estocagem”, disse Senna à Portos e Navios.
 
A movimentação de contêineres no longo curso em Santos passou para 2,8 milhões de TEUs, em 2012, para 4 milhões de TEUs em 2021. No mesmo período, as atracações de longo curso caíram quase 20%: de 2.472 para 1.928, com aumento das consignações. “Se o número de atracações diminui e o fluxo de contêineres aumenta, significa que o intervalo entre atracações está aumentando, havendo proporção ao tempo de espera do navio aumentar”, avaliou.
 
Os levantamentos do Comus apontam que a carga feeder representa aproximadamente 14% do movimento total de longo curso, o que indica que 86% são cargas de Santos transacionadas com sua área de influência terrestre, com os contêineres chegando principalmente por rodovia. O comitê observa que existem poucos dados sobre os dwell times relacionados à carga de transbordo.
 
“É relevante, tende a crescer e, se o porto se tornar concentrador, o foco dos terminais molhados deverá ser na carga feeder porque tem toda uma área de retaguarda em Santos que pode absorver fluxos de importação, através de CLIAs e portos secos. Na exportação, os Redex hoje já trabalham para reduzir os dwell times”, analisou.
 
Com agravamento do cais logístico se instalando em 2020 e rolando em 2021 e até hoje, ainda existe muita imprevisibilidade de chegada, blank sailing (omissões de portos), e cancelamento de escalas — fatores que vão empurrando a programação dos navios para datas mais distantes do que as inicialmente programadas. O Comus percebe uma diminuição da previsibilidade da chegada dos porta-contêineres em relação a 2019, quando a quase totalidade dos navios chegava dentro das janelas no maior porto da América Latina.
 
Senna ressaltou que os dados que chegam permitem uma avaliação empírica, mas que armadores, operadores, terminais retroportuários e embarcadores sinalizam que os dwell times vêm crescendo, desde dezembro do ano passado, também em função da operação padrão da Receita Federal, que completou seis meses esta semana, elevando estoques em todos pontos da zona primária e criando congestionamento, principalmente para recepção de cargas de importação.
 

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