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Democracia ou retrocesso

Fonte: Rádio Peão Brasil / Paulinho da Força*
 
O Brasil corre o sério risco de ingressar numa encruzilhada imprevisível entre o retrocesso autoritário e a continuidade do regime democrático
 
 
Poucos sabem ao certo o que se passa hoje no 3° andar do Palácio do Planalto, mas, se podemos imaginar que Bolsonaro e Augusto Heleno não estão sozinhos, por outro lado a manifestação contundente do General Santos Cruz não é isolada e parece refletir o que pensa parte significativa das Forças Armadas, dentre eles generais, brigadeiros e almirantes, patriotas e democratas, que não vivem isolados na caserna, conhecem a complexidade e a história do país, são sensibilizados por acontecimentos internacionais e se vinculam às concepções democráticas dos governos da maior parte do mundo atual, e não ao passado das tantas ditaduras sanguinárias.
 
No entanto, o que pode mesmo definir essa parada em defesa da continuidade do Estado de Direito Democrático e do respeito à Constituição é o entendimento da urgência na formação de uma amplíssima frente no país: no Congresso, com o apoio massivo de parlamentares e partidos, do STF e demais cúpulas do poder judiciário, dos 20 governadores que já se manifestaram contra a narrativa equivocada externada pelo presidente sobre o fuzilamento do miliciano na Bahia, das mais representativas entidades da sociedade civil, como a OAB, Centrais Sindicais, ABI, o mundo da cultura e dos identitários mais diversos, das associações de classe e profissionais, entidades dos empregadores, especialmente a das empresas de Comunicação, as forças de esquerda, Lula e PT à frente, FHC, o PSDB e demais partidos sociais democratas, os liberais democratas do DEM e outros partidos, os presidentes do Congresso Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, a CNBB e lideranças das mais diferentes formações religiosas, artísticas, esportivas, políticos sem mandato mas muito representativos, como Haddad e Ciro Gomes. Se todos se unirem em cristalina tomada de posição em defesa da democracia, vamos sensibilizar e mobilizar o povo, como já fizemos na campanha das Diretas Já e depois com a eleição de Tancredo no Colégio Eleitoral, impondo então a derrota final daquela ditadura.
 
É importante que esse movimento de construção da frente unitária aponte iniciativas já para agora, como resposta democrática à provocação disparada em vídeo assumido pelo presidente e esparramado nas redes sociais, que conclama confronto contra as instituições democráticas para este próximo 15 de março. Só assim vamos inibir e barrar a escalada das forças de extrema direita que buscam a ruptura com a democracia e querem o retrocesso institucional.
 
*Paulo Pereira da Silva, deputado federal, ex-presidente da Força Sindical e presidente nacional do Solidariedade
 

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