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"Sabe de nada, inocente"

Fonte: Sindaport / Everandy Cirino dos Santos (*)



Sempre que é acusado de praticar uma política partidária contrária aos interesses da Nação utilizando os cargos públicos nas empresas estatais, órgãos e agências reguladoras para indicações de "afilhados" sem qualquer capacitação técnica/profissional, o Governo Federal alega não saber de nada ao melhor estilo da polêmica propaganda do Compadre Washington. 
 
No entanto, cada vez que uma nova operação da Polícia Federal assombra e envergonha o País é que se tem a real dimensão do problema e da quantidade de "apadrinhados" que conquistaram importantes cargos e funções na base da canetada, em detrimento daqueles que efetivamente fizeram por merecer.
 
E graças a incansável e midiática atuação da PF é que 200 milhões de cidadãos brasileiros sabem que a farra corre solta também nas 39 pastas que o compõe o Ministério de Dilma Rousseff, entre elas a Secretaria Especial dos Portos. Com o aval da Casa Civil da Presidência da República, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e agora também do Banco Brasil, a SEP atraca e desatraca qualquer apadrinhado no Porto de Santos, diga-se na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).   
 
Apenas para se ter uma ideia, dos atuais 15 cargos de superintendente existentes na Codesp oito são ocupados por funcionários de carreira cabendo os outros sete aos "desígnios" de Dilma e sua base de apoio. Neste caso, não é mesmo necessário ser nenhum expert em portos ou administração portuária para saber quem efetivamente carrega o piano nas costas e quem se utiliza da lendária caneta Montblanc para a assinatura de contratos.
 
O que mais chama a atenção daqueles que vivem o cotidiano da Codesp é saber que os apadrinhados são os que possuem "bala" para discutir e consolidar diversos contratos de prestação de serviços. Exemplos claros estão nas superintendências de Planejamento, do Meio Ambiente, de Informática, da Guarda Portuária e a piada ISPS CODE, ou mesmo na Jurídica, responsável por validar pareceres técnicos objetivando a formalização dos instrumentos.
 
Como se não bastasse, existe ainda a Assessoria da Presidência, criada para a difícil tarefa de conferência dos documentos designados ao mandatário da estatal, sem falar na eficiente e inovadora Superintendência de Mercado e Novos Negócios. Aos insatisfeitos, vale lembrar que toda e qualquer reclamação deve ser encaminhada à Ouvidoria da Codesp, também ocupada por um forasteiro.
 
Codesp não foge à regra 
 
Ao afirmar em depoimento à PF que a grande maioria dos presidentes e diretores das companhias públicas é nomeada por indicação política, o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto da Costa, um dos principais investigados na Operação Lava Jato, esqueceu-se de dizer que os cargos de confiança também são frutos do vergonhoso procedimento. Cabe ressaltar que muitos desses cargos sequer figuram no organograma das companhias, órgãos e agências reguladoras.
 
A Codesp não foge a regra e segue acolhendo indicados do PT, PSDB, PSB e outros partidos por tempo indeterminado. Um claro exemplo dessa estranha permanência está em um assessor nomeado a pedido do ex-deputado Ciro Gomes, à época da criação da SEP. Até hoje na empresa sem saber o que fazer, o apadrinhado passa oito horas por dia andando de um lado para o outro, como um zumbi.
 
Nem mesmo uma nota oficial emitida pelo PSB desautorizando seus filiados a ocupar qualquer cargo em empresas estatais foi suficiente para eliminar várias "boquinhas" na Codesp. Vale o registro de que o partido fez oposição à Dilma no primeiro turno e apoiou Aécio Neves no segundo turno.

Sabe de nada, inocente!



(*) Everandy Cirino dos Santos, presidente do Sindaport
 

 


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Comentários (1)

José Arnaldo Santos
Data: 09/12/2014 - 18h07
Faltou objetividade, deveriam dizer nomes de quem é quem e de que partidos pertencem.

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