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Após nova autuação, Guarujá ameaça proibir operações da Termag

Fonte: A Tribuna

A Prefeitura de Guarujá proibirá as operações com enxofre no Terminal Marítimo de Guarujá (Termag) caso seja constatado outro episódio de poluição do ar causado pela empresa.

A informação é do secretário de Meio Ambiente de Guarujá, Élio Lopes dos Santos, que multou o terminal na madrugada da última quarta-feira em aproximadamente R$ 220 mil por vazamento de gás sulfídrico durante o descarregamento de 7.711 toneladas de enxofre.

Foi a segunda autuação à empresa em seis meses. A última ocorreu em agosto do ano passado e custou R$ 107 mil ao Termag. Por causa disso, Lopes formalizou três exigências técnicas ao terminal.

O secretário soube da ocorrência por volta de 4 horas da madrugada de quarta-feira, quando foi acordado por um odor semelhante a ovo podre. Ele mora na Ponta da Praia, em Santos. “Era um cheiro muito forte. Peguei o carro e vim para Guarujá, onde fui junto com um fiscal até o Termag. Isso só ocorre quando há navio de enxofre”. Moradores de Vicente de Carvalho também sentiram o desconforto.

Além da ameaça de proibir operações portuárias no terminal, em caso de nova poluição, o episódio estimulou a Prefeitura a abrir um canal direto de comunicação com a sociedade. Lopes afirma que está sendo criado o Disque Emergência Ambiental.

A princípio as ocorrências serão atendidas pelo telefone 153 (SOS Cidadão). “Será para esses episódios críticos de poluição ambiental que acontecem à noite ou em finais de semana e feriado. Durante o dia as pessoas poderão continuar ligando para a Ouvidoria Municipal”, diz Lopes.

Causas

O secretário afirma que o odor só acontece quando o enxofre é de má qualidade. “Em minha primeira profissão, na década de 1970, eu trabalhava com operações de enxofre na Ultrafértil, em Cubatão. Cansamos de receber o produto, mas era de boa qualidade e nunca teve esse odor”.

Ele explica que isso acontece porque determinados clientes acabam comprando enxofre contaminado. O produto que gerou a multa em questão veio de Saint Croix, nas Ilhas Virgens, e estava sendo retirado do cargueiro Emwika Naree, de bandeira Tailandesa.

“Quando é colocado no navio para vir para o Brasil, o enxofre precisa ser umedecido para não gerar poeira. Só que, para economizar, em alguns países eles não fazem isso com água tratada, mas água do mar, que tem bactérias. Na viagem isso vai agindo no enxofre e se acumula no fundo do porão do navio. Por isso, é sempre no final da descarga que se sente esse cheiro, pois se desprende o H2S (Sulfeto de Hidrogênio) para a atmosfera. Não podemos mais admitir a convivência com isso”.

Perigoso, o enxofre pode levar pessoas que trabalhem diretamente na operação a óbito. “Ele é traiçoeiro. A princípio as pessoas sentem o cheiro, mas depois isso deixa de acontecer porque ele anestesia a mucosa nasal”.

Termag

O Terminal Marítimo do Guarujá diz possuir todas as licenças que asseguram e legitimam suas atividades. Esclarece ainda que a descarga de enxofre é uma das diversas operações realizadas no local diariamente. “É uma operação correta e adequada, seguindo padrões internacionais iguais aos praticados em portos de todo o mundo”, diz a nota.

Acrescenta que durante a manipulação do enxofre não ocorre vazamento de gás. Porém, o gás sulfídrico característico do produto pode gerar odor desagradável. “O Termag, consciente do possível incômodo que o eventual odor da movimentação do enxofre pode causar à população, realiza diversas ações de controle e gestão do descarregamento, de forma a minimizá-lo”. 

Exigências 

Fica proibido o recebimento, manuseio e estocagem de enxofre, no terminal da Termag, cuja qualidade físico-química e biológica cause gases tóxicos (gás sulfídrico) na atmosfera, provocando incômodo à população. A empresa deverá comunicar a Semam, com antecedência de 48 horas, os recebimentos de enxofre no terminal. A empresa deverá instalar, operar e manter adequadamente analisadores contínuos de compostos reduzidos de enxofre, dotados de registradores e alarme visual e sonoro. Estes analisadores deverão ser instalados junto à saída dos porões dos navios e permanecerem no local durante as operações de descarga.

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