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Aposentadoria: prepare-se para essa nova fase da vida

Fonte: Folha de S. Paulo / Marcia Dessen (*)



Muita gente tem uma visão idealizada de como a vida pode ser maravilhosa na aposentadoria e sonha com o dia em que será possível parar de trabalhar para desfrutar a tão sonhada "boa vida".
 
Não ter que acordar cedo todos os dias e enfrentar o trânsito para ir ao trabalho; livrar-se de metas, orçamentos e prazos que precisam ser cumpridos; poder viajar quando quiser e viver tempos de muito ócio e diversão. Parece bom, hein?
 
Entretanto, a realidade pode ser bem diferente principalmente para quem não planejou emocional e financeiramente esse período da vida.
 
VIDA PESSOAL
 
Deixar uma carreira de sucesso e um trabalho estimulante é um desafio. O que fazer com todo o tempo livre que você terá? Esse planejamento é tão importante quanto o financeiro. Se o seu foco durante a fase ativa foi exclusivamente sua carreira, é possível que você não tenha outros interesses, atividades e amigos. Você terá muita vida pela frente e precisa decidir o que fazer e como gastar o dinheiro que acumulou.
 
BALANÇO DOS RECURSOS
 
Muita gente não se preocupa se tem bens e renda suficiente para reduzir a carga de trabalho ou se aposentar de uma vez. A vida fica mais fácil quando ignoramos certos assuntos, mas, neste caso, pode impedir que você saiba se está financeiramente preparado para tomar essa decisão. Fundamental definir a necessidade mensal de caixa na aposentadoria e se o patrimônio acumulado poderá suprir essa renda.
 
REPENSE OS SEGUROS
 
Durante os anos em que esteve empregado você provavelmente contratou um seguro de vida e de acidentes pessoais para proteger a si mesmo e seus dependentes contra o risco de incapacidade de prover renda.
Agora você tem patrimônio suficiente para se aposentar e o que antes era risco deixou de ser. Com o apoio de um bom corretor, repense os seguros que podem ser cancelados, mantidos ou contatados.
 
CUIDAR DA SAÚDE
 
Despesas médicas no período de aposentadoria e o custo de cuidados domiciliares podem ser assustadores. Ampliar a cobertura do plano de saúde, morar em uma comunidade de aposentados, ou não fazer nada, depende da sua situação pessoal e financeira. É prudente planejar essa demanda avaliando todas as opções possíveis.
 
PLANO DE PREVIDÊNCIA
 
Se você tem plano de previdência aberto ou fechado, concedido pela empresa onde trabalhou, chegou a hora de decidir o que fazer com o dinheiro acumulado. Pesquise e avalie as alternativas: manter o dinheiro no plano e continuar depositando; sacar os recursos de acordo com sua necessidade; ou escolher um dos benefícios do plano e converter o capital acumulado em renda mensal.
 
O valor do benefício é definido com base em expectativa de vida. Quanto menor sua idade no início do recebimento da pensão, menor será o valor da renda mensal. Se você pretende continuar trabalhando, avalie a possibilidade de manter o plano e converter em benefício somente quando a renda for mais favorável.
 
Avalie também o impacto fiscal de cada alternativa. A alíquota do Imposto de Renda é definida com base na sua faixa de renda (regime tributável) ou com base no tempo decorrido desde a data dos depósitos (regime de tributação definitiva). Verifique se haverá redução de imposto caso aguarde alguns meses ou anos para fazer a opção. Seguradoras ou mantenedoras do plano de previdência podem simular as hipóteses para orientar sua decisão.
 
Se você optar pela conversão do dinheiro acumulado em renda mensal, verifique quais são os tipos de benefício que o plano oferece e decida se deseja renda a ser paga somente para você, em vida, ou se o benefício será reversível a beneficiários. Quanto maior o tempo de pagamento do benefício, menor será o valor da renda mensal.
 
Veja alguns exemplos de benefícios, leia o contrato do seu plano para saber quais estão disponíveis e consulte um bom corretor de seguros, especializado em previdência, para apoiá-lo na decisão.
 
Renda vitalícia: somente o participante recebe, enquanto viver. O benefício é cancelado no falecimento, não havendo devolução de capital ou pagamento a beneficiários.
 
Renda temporária: somente o participante recebe no período escolhido. O pagamento cessa com o falecimento ou com o término do prazo, o que ocorrer primeiro. Não há devolução de capital ou pagamento a beneficiários. A renda mensal temporária será maior do que a renda mensal vitalícia devido ao limite no tempo para o pagamento do benefício ao contratante.
 
Renda vitalícia reversível ao beneficiário: o participante recebe, enquanto viver. Após o falecimento, o beneficiário passa a receber o percentual da renda definida no contrato, enquanto viver. 
 

 
(*) Marcia Dessen, certified financial planner, é sócia do BMI (Brazilian Management Institute), professora convidada da Fundação Dom Cabral, cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e autora do livro 'Cuide Bem do Seu Dinheiro' (Editora Pearson, 2013). 
 

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