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Os "sem" dias do presidente da Codesp

Fonte: Sindaport / Everandy Cirino dos Santos (*)



O presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Angelino Caputo, está dando bastante publicidade aos seus cem dias de gestão no comando da empresa. Certamente, a avaliação geral de seu mandato até o presente momento é SEM  ACORDO COLETIVO DE TRABALHO.
 
Pelo menos não poderíamos deixar de elogiar a forma transparente e aberta frente à direção da Codesp  e pela realização de reuniões com os trabalhadores, apesar de não concordarmos com alguns temas abordados, tais como a alteração da jornada de trabalho, a flexibilização dos horários sem a anuência ou apresentação oficial aos sindicatos representativos.
 
Vale lembrar que a prévia anuência seguida de tratativas sobre importantes temas que devem ser debatidos com os sindicatos laborais são atitudes mais que salutares a fim de se manter as boas e cordiais relações profissionais.
 
Alterações de impacto devem, acima de tudo, ser gradativamente maturadas e implementadas no sentido de se evitar desgastes à direção da estatal, cujos reflexos cada vez mais negativos podem ser sentidos nas pesquisas de intenção de voto para a presidência da República, que revela a queda de Dilma Rousseff na preferência do eleitorado, a não ser que o dito cujo seja um “agente” infiltrado a serviço de Marina Silva ou de Aécio Neves.
 
Já se fala abertamente pelos corredores da empresa que até pouco tempo atrás o nome de um leal companheiro não poderia ser indicado para diretoria da Codesp, por ser médico por formação, mesmo sendo da cidade e experiente em assuntos Portuários. Porém, os bancários, do Banco do Brasil, podem ser indicados para os cargos de assessor e até mesmo presidente da Codesp, bem como de assessor e secretário da Secretaria de Portos.
 
Evidentemente, nada contra a valorosa e importante categoria dos bancários. Apenas fica bastante nítida a falta de critério e as discrepâncias que se apresentam a cada nomeação. 
 
Sobre nossa Campanha Salarial 2014 traçamos um breve resumo, diferente do que muitos acham, pois até o momento não recebemos uma proposta oficial da Codesp: 
 
31 de março  assembleia aprova pauta de reivindicações.
 
03 de abril – a pauta é enviada para a Codesp.
 
11 de abril  toma posse Angelino Caputo.
 
22 de maio  Federação Nacional dos Portuários envia ofício a SEP solicitando que as Cias. Docas de todo o Brasil sejam notificadas sobre a importância de assinar Acordo Coletivo, garantir data-base em 1º de junho e definir calendário de negociações.
 
27 de maio  EP envia oficio a Codesp, dando ciência do documento da nossa Federação e solicitando a adoção das providências cabíveis.
 
30 de maio  primeira reunião de negociação, sem proposta, apenas garantia da data-base.

18 de junho  segunda reunião de negociação, sem avanços.
 
15 de julho  última reunião de negociação, Codesp afirma que o Governo só autoriza manutenção das atuais cláusulas do Dissídio Coletivo e índice de reajuste salarial de 6,37 % retroativos a 1º de junho. Sindaport solicita que proposta feita em reunião seja enviada para todos os sindicatos através de ofícios para as categorias avaliarem em suas assembleias.
 
15 de agosto (30 dias após a última reunião)  Codesp, através de e-mail, informa ao Sindaport que a minuta de novo Acordo Coletivo de Trabalho foi enviada para a SEP, em Brasília, somente dia 11 de agosto e ainda aguarda análise e aprovação, para posterior envio os sindicatos.
 
Desde junho, a Federação Nacional dos Portuários e os sindicatos sabem que o Governo Federal fechou a questão, que em razão da Lei Eleitoral apenas a manutenção das cláusulas já existentes e um índice seriam oferecidos. A Codesp há muito tempo sabe disso também. Mesmo assim não houve agilidade e competência na condução de todo este processo.
 
Se o atual presidente da empresa não tem “corrida” em Brasília para acelerar o processo de aprovação do novo Acordo Coletivo de Trabalho, e tampouco tem autonomia para formular a proposta aos sindicatos, sem as “bênçãos” do Planalto, poderia ao menos ter a chamada “malandragem e sabedoria política”.
 
Sabendo o presidente da Codesp que o índice de reajuste já é de 6,37 %, poderia sim antecipar e lançar este índice aos salários, enquanto se aguarda a aprovação total do texto da minuta. Certamente isso diminuiria a insatisfação dos empregados da estatal portuária.
 
Talvez a presidente Dilma não tenha pleno conhecimento que estes “neo-petistas” de gabinete e ar condicionado não estão acostumados com campanhas nas ruas junto ao povo.
 
Dizem os livros de significados dos nomes que Angelino significa angelical, puro. Caputo significa inteligente. Oliveira significa o azeite puro. Nem mesmo a essas definições o atual presidente da Codesp faz jus.



(*) Everandy Cirino dos Santos, presidente do Sindaport


 


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