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Porto de Santos aguarda navios de 366 metros

Fonte: A Tribuna On-line
 
Segundo executivos, questões de mercado e limitações do canal dificultam vinda de cargueiros ao cais santista
 
 
Apesar do Porto de Santos estar apto a receber navios com até 366 metros de comprimento, depois de um longo período de estudos e expectativas, não há previsão de quando cargueiros de maior porte virão ao complexo portuário santista. O motivos, segundo executivos do setor, são questões de mercado, agravadas pela pandemia de covid-19, e limitações de calado operacional do canal do Porto.
 
Em fevereiro, a Marinha do Brasil autorizou o acesso de navios entre 350 e 366 metros ao Porto de Santos. A liberação, porém, está condicionada a regras impostas pela Autoridade Marítima, com o objetivo de evitar acidentes. Entre elas, estão a necessidade de dois práticos, profissionais que orientam as manobras, além de rebocadores e condições de tempo e mar favoráveis.
 
Até fevereiro, o cais santista estava autorizado a receber embarcações de até 340 metros, com capacidade para transportar cerca de 9 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Agora, com o aval da Marinha, até 14 mil TEU poderão ser transportados por esses cargueiros de 366 metros de comprimento e 52 metros de boca (largura), da classe New Panamax.
 
Mas, até agora, segundo executivos de instalações de contêineres, não há previsão de escalas. Para o presidente da Brasil Terminal Portuário (BTP), Ricardo Arten, mesmo com a autorização da Marinha do Brasil, não há viabilidade para que essas embarcações utilizem toda a sua capacidade.
 
Hoje, apenas navios com até 14,2 metros de calado podem trafegar pelo canal de navegação do cais santista. Isto faz com que os cargueiros de maior porte não tenham sua capacidade totalmente aproveitada já que, carregados, têm calado ainda maior, de 16 metros.
 
“O cais santista está preparado para receber o navio, mas o canal de navegação não está. Os investimentos na dragagem de aprofundamento e manutenção são essenciais para viabilizar o acesso. Não existe porto sem água. Nesse sentido, a profundidade de um canal de navegação é vital à sobrevivência de uma operação portuária. Perdas de calado, com falta de manutenção por judicialização de licitação pública, por exemplo, podem causar um impacto enorme na rentabilidade do negócio”, destacou o presidente da BTP.
 
O presidente da DP World Santos, Fabio Siccherino, também não tem informações sobre uma data para o início das escalas de navios com até 366 metros em Santos. Ele também aponta que o canal de navegação não comporta o tráfego de um navio deste porte.
 
“Hoje, temos equipamentos capazes de atender as maiores embarcações do mercado, como por exemplo os navios Super Post Panamax, de 366 metros. Além disso, o nosso berço de atracação possui um calado de 16 metros, superior ao próprio calado de acesso do Porto de Santos”, afirmou Siccherino.
 
Volume na costa
 
De acordo com o CEO da Santos Brasil, Antonio Carlos Sepúlveda, a implantação de linhas regulares de navegação para esses navios maiores depende de volume movimentado na costa. “O Brasil precisa crescer e ultrapassar a marca de 10 milhões de TEU movimentados por ano. Isso é muito pouco para ocupar a capacidade dos navios de 15.000 TEU. O importante é que estamos prontos, porto e terminais”.
 
“A situação atual é de utilização total da frota por causa da pandemia. Não acredito que esse navio chegue ao Brasil até a situação da logística mundial normalizar”, afirmou o presidente da Santos Brasil.
 

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