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Movimentação de contêineres cresce no páis, mesmo com frete alto e falta de equipamentos

Fonte: Portos e Navios


 
Nos quatro primeiros meses de 2021, a movimentação de contêineres no Brasil cresceu 10,54% em relação ao mesmo período de 2020, graças à operação de 3,7 milhões de TEUs. Apesar desse aumento, o mercado se queixa da falta de contêineres e da alta dos preços do frete marítimo, em plena pandemia do coronavírus que levou ao caos o transporte de longo curso. Como explicar essa aparente contradição?
 
“Esse não é um fenômeno brasileiro; é mundial. Inclusive é um dos fatores responsáveis pelo aumento estratosférico dos fretes marítimos a partir do último trimestre de 2020. Principalmente na rota Brasil-China. Mais amplamente, América do Sul-Ásia”, observa o engenheiro e economista Frederico Bussinger, sócio-diretor na Katalysis Consultoria e Empreendimentos.
 
Os números do Painel Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) mostram que, de forma geral, o primeiro quadrimestre foi positivo para o setor. Os portos brasileiros, públicos e privados, movimentaram, de janeiro a abril, 380,5 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 9,73% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 249,7 milhões de toneladas operadas pelos portos privados — 9,94% a mais do que na soma de janeiro, fevereiro, março e abril de 2020 —130,8 milhões de toneladas nos portos públicos, que significam, na prática um acréscimo de 9,33%.
 
Especificamente entre os portos privados, a lista de cargas volta a colocar os contêineres em situação privilegiada. As que mais cresceram, nos quatro primeiros meses deste ano, foram carga geral (+18,8%), contêiner (+16,3%), granel líquido e gasoso (+15%) e granel sólido (+5,85%).
 
Segundo Bussinger, um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), publicado em abril, associa o aumento da movimentação e dos fretes de contêineres ao crescimento da demanda de bens de consumo manufaturados, majoritariamente transportados por contêineres.
 
“O estudo destaca quatro fatores: as mudanças nos padrões de consumo e compras decorrentes da pandemia, particularmente de eletrônicos; a diminuição das medidas de bloqueio em diversos países, a partir do 3º trimestre de 2020; os pacotes de estímulos, particularmente nos Estados Unidos e na Europa, que aumentaram o poder de compra e, por conseguinte, a demanda dos consumidores; e a formação de estoques na perspectiva de cogitadas novas ondas da pandemia”, afirma o consultor.
 
O consultor portuário Fabrizio Pierdomenico vai além e cita dois fatores macroeconômicos como impulsionadores desse recorde de movimentação de contêineres. A forte retomada dos negócios na China e a recuperação da economia brasileira, expressa, por exemplo, na alta de 1,2 do PIB no primeiro trimestre.
 
“A economia da China voltou a todo vapor, com um crescimento superior a 40% no comércio exterior. Além disso, a nível global, importantes players estão começando a reagir”, explica ele. “No Brasil, em 2020, o consumo das famílias caiu, afetando indústria e serviços. Mas o PIB do primeiro trimestre mostra o início da retomada do consumo e, portanto, alguma produção de riqueza”.
 
Na avaliação de Pierdomenico, o fato de o mercado chinês estar aquecido e os bons resultados dos Estados Unidos nas últimas semanas vão favorecer os recordes de movimentação de contêineres de forma global.
 
“A reação no Brasil ainda é lenta, mas já está acontecendo. O que vai determinar sua manutenção é o arrefecimento da pandemia, que permitirá o relaxamento das medidas sanitárias e, em consequência, uma certa volta à normalidade. A soma do consumo interno reprimido com as exportações em alta pode manter esse mercado em crescimento”, diz ele.
 

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