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Porto de Santos pode ser atingido por reflexos do encalhe em Suez

Fonte: A Tribuna On-line
 
Além da pandemia, bloqueio do Canal no Egito ampliou os problemas econômicos e logísticos no setor, como a falta de contêineres
 
 
A combinação dos reflexos das novas ondas da pandemia de covid-19 em todo o mundo e os impactos do encalhe de um navio que interrompeu o tráfego no Canal de Suez, no Egito, amplificaram problemas no setor de navegação. Além do viés econômico, a questão traz impasses logísticos que afetam toda a cadeia, como a falta de contêineres. Segundo especialistas, os entraves devem persistir nos próximos meses e podem atingir o Porto de Santos.
 
De acordo com o vice-coordenador da Câmara de Navegação da Associação Comercial de Santos (ACS), Alberto José Pinheiro de Carvalho, em todo o mundo, navios estão tendo saídas canceladas ou postergadas, causando uma forte demanda por equipamento e espaço. Como consequência disso, são percebidos congestionamentos em portos e atrasos dos navios.
 
“O recente bloqueio do Canal Suez, implicou no retardo de centenas de navios que utilizam essa rota ou dependem desse tráfego nos transbordos em outros portos. Resolver esse transtorno adicional é um processo complexo e levará dias. Decorrente desse incidente, é esperada mais restrição de capacidade, adicionando pressão contínua sobre as rotas de navegação e operações portuárias, até o final do segundo trimestre deste ano”, afirmou o executivo.
 
Segundo o diretor-geral do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, também há o fato de que os terminais de vários portos do mundo enfrentam dificuldades de lidar com um aumento de 20% do volume, principalmente, devido à restrição de mão de obra motivada pelos períodos de quarentena impostas pelas autoridades sanitárias de diversos países.
 
“A mudança de hábitos de vida e consumo geraram uma explosão na demanda a partir do segundo semestre de 2020, estendendo-se para 2021 especialmente nos trades da Ásia para o mundo. E esse aumento inesperado pela procura está gerando além do congestionamento nos terminais, escassez de contêineres e a falta de espaço nos navios que tentam equilibrar a logística trazendo os equipamentos do exterior”, afirmou o diretor do Sindamar.
 
Não é preciso muito tempo para que os impactos sejam sentidos em outros portos. Segundo Roque, os terminais portuários congestionados fora do País ficam com a produtividade operacional afetada e causam atrasos no ciclo dos contêineres para liberação e devolução e retorno ao Brasil.
 
“Há navios que estão aguardando até sete dias para poder atracar e operar em alguns dos principais portos do exterior, e omissões de escalas em alguns portos são necessárias para minimizar os atrasos nos schedules (programações) para o atendimento dos interesses de todos”, destacou o executivo do Sindamar.
 
Porto de Santos
 
Procurada, a DP World Santos, que opera contêineres na Margem Esquerda, na Área Continental de Santos, informou que ainda não foram sentidos impactos diretos em suas operações. “Mas isso poderá ocorrer nos próximos dias ou semanas, tendo em vista a demanda reprimida do mercado após o acidente (no Canal de Suez)”.
 
Com relação às operações, o terminal destaca que, no primeiro trimestre do ano, os volumes transportados foram 16% superiores em relação ao mesmo período de 2020. No total, entre janeiro e março, 147.300 TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) foram movimentados.
 
“Existem fatores que fogem ao controle do transportador marítimo como os atrasos nos schedules dos navios, que se tornaram mais frequentes”, destacou Roque. O executivo ainda aponta que os agentes de navegação não acreditam em uma solução imediata para esses problemas dentro dos próximos dois meses. O motivo é o cenário atual da pandemia, além da descoberta de novas variantes da covid-19.
 

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