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Portos brasileiros têm pelo menos 3 blank sailings previstos para março

Fonte: ABOL
 
Um levantamento da Solve Shipping identificou que há, ao menos, três blank sailings previstos para março na costa brasileira. Até o momento, 29 escalas para portos nacionais já foram canceladas, sendo 16 em razão desses cancelamentos. Os terminais que devem ser mais afetados são de operadores de contêineres da região Sul, com pelo menos 11 cancelamentos, e alguns Tecons do complexo portuário de Santos, com outros três. A consultoria constatou um atraso médio de 2,2 dias e que 36 navios estão fora da janela, antes mesmo de chegar à costa brasileira. Esses mais de 30 navios fora da janela representam cerca de metade dos navios planejados que deveriam chegar ao Brasil com as janelas rotineiras.
 
O panorama é ruim tanto para os donos da carga, quanto para armadores, que precisam cancelar portos e ter que sair com capacidade em aberto, deixando receita para trás, num momento de alta demanda e fretes elevados. Leandro Carelli Barreto, sócio-consultor da Solve, observa que o nível de serviço no mundo caiu abruptamente nesse começo de 2021. “Antes, para cada três navios, um chegava atrasado — 33% de atraso na média. Hoje, para cada navio que chega no horário/janela da atracação, um chega fora da programação correta”, analisou Barreto.
 
O boom do e-commerce turbinou o transporte marítimo mundial a partir da China, que concentra um grande número de fábricas de bens de consumo. O home office alavancou as vendas do varejo durante a pandemia. A expectativa é que, à medida em que os planos de imunização avancem, os países se abram novamente e as pessoas voltem a viajar, o consumo pela internet se estabilize e a demanda por serviços de transporte marítimo volte aos patamares anteriores à pandemia. “A atividade hoje está muito pressionada. Uma vez que o varejo se estabilize, a navegação também se estabilizará”, comentou Barreto.
 
No oeste dos EUA, por conta do grande aumento da demanda do varejo, os terminais estão trabalhando sob forte pressão. Além disso, muitos trabalhadores foram afastados por testar positivo para Covid-19, afetando a produtividade dos principais portos locais. Com isso, os navios voltam atrasados para a China, desalinhando toda a programação. 
 
Na primeira semana de fevereiro, mil estivadores haviam sido diagnosticados com o novo coronavírus no Porto de Los Angeles e precisaram ser afastados, o que causou um grande atraso naquele porto. No começo de fevereiro, havia 27 navios operando e 41 navios aguardando atracação nos portos da Califórnia, gerando um tempo médio de espera para atracação de oito dias. Atualmente já são cerca de 30 dias.
 
Os congestionamentos também vêm ocorrendo, em menor grau, na costa leste norte-americana. O serviço que vai do Brasil para a costa leste dos EUA é o que está com mais navios atrasados: pelo menos cinco, sendo um com seis dias, outro com quatro e outro com três dias. Já nos serviços com a Europa há navios com atrasos de até quatro dias. Os reflexos no tráfego marítimo na costa brasileira ocorrem, principalmente, quando os navios que retornam atrasados da costa oeste norte-americana para a China são carregados no mesmo porto em que navios que fazem rotas com o Brasil. A disputa pelos mesmos terminais e berços causam um efeito cascata de atrasos, que podem ocasionar cancelamentos.
 
Além dos problemas nas rotas da Ásia com os EUA, as novas regras aduaneiras em razão do Brexit prejudicaram os níveis de serviço na Europa. Muitos navios ficam além do tempo médio esperando autorização para descarregar no Reino Unido. “O nível de serviço caiu no mundo inteiro e o Brasil não ficou de fora dessa realidade”, observou Barreto. Esse cenário também colaborou para que os fretes atingissem valores recordes. “Pagar a mais por um serviço pior vem gerando muitos problemas para muitos importadores e exportadores”, resumiu Barreto.
 
Outro agravante observado são as situações climáticas adversas pelo mundo, como a tormenta na Ásia, há algumas semanas, que pressionou ainda mais as operações em portos do continente, que já enfrentavam problemas nas rotas com os Estados Unidos. Recentemente, o Porto de Itajaí (SC) ficou fechado por cinco dias devido ao mau tempo. As consequências desse quadro são navios chegando fora de janela em terminais com grande utilização de janelas, correndo risco de migrar para outro terminal para não atrasar os serviços. Este ano, por exemplo, cinco navios que iriam para a BTP acabaram sendo deslocados para terminais da margem direita de Santos.
 

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