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Após prejuízos de R$ 1,2 bilhão, Concais planeja retorno de cruzeiros

Fonte: A Tribuna On-line
 
A perspectiva é de que, a partir de novembro, 257 mil pessoas embarquem pelo Terminal de Passageiros Giusfredo Santini


 
Hoje, há uma luz no m do túnel. Em cerca de nove meses, a expectativa é de novos gigantes em alto mar. O início recente do plano de imunização contra o coronavírus já vislumbra um cenário positivo para o setor de cruzeiros.
 
A perspectiva é de que, a partir de novembro, 257 mil pessoas embarquem pelo Terminal de Passageiros Giusfredo Santini com o início da temporada 2021/ 2022. O número é equivalente ao da estação 2019/ 2020, quando a instalação começou a sentir os impactos da doença, que tingia o País e o Mundo.
 
Desde então, o Armazém 25 (interno) do Porto de Santos, que costumava chamar atenção pelos navios de luxo, se tornou um dos representantes do cenário atípico de incertezas.
 
No entanto, isso está prestes a mudar e, em breve, a Ponta da Praia se tornará, mais uma vez, ponto de encontro de turistas e munícipes. A única e principal diferença é de que, agora, será proibido aglomerar.
 
A possível atracação de transatlânticos novamente na Cidade foi divulgada pela diretora do Concais, Sueli Martinez, que não esconde a satisfação ao imaginar os salões do terminal novamente repletos de passageiros de diferentes nacionalidades. Após um prejuízo de R$ 1,2 milhão, a empresa começa a planejar o futuro.  
 
Ainda é cedo para falar em investimentos significativos, mas novos planos já estão sendo desenhados até mesmo para atender o contrato de arrendamento, renovado em 2018, e que prevê aplicações financeiras constantes totalizando R$ 200 milhões até 2038. O montante é destinado principalmente, a obras de ampliação e modernização da área.
 
Enquanto isso, são feitas reuniões com as armadoras para que seja possível entender quais serão os próximos passos. “Para nos recuperarmos de 18 meses sem faturamento, vamos ter que amortizar esse prejuízo. Certamente, vamos precisar de, pelo menos, três temporadas para total recuperação dessa grande perda e, então, termos a mesma margem como empresa”, destacou Sueli.
 
Um ano
 
No próximo mês, o terminal completa um ano sem a movimentação de viajantes. De acordo com a diretora, 19 de março de 2020 foi a última data de desembarque. Inicialmente, estava prevista outra escala no dia 21. Porém, a volta precisou ser antecipada, pois o transatlântico ficou impossibilitado de parar na Argentina. 
 
A situação foi o primeiro sinal de que algo estava por vir e a estação acabou sendo encerrada quase um mês antes. Ela seguiria até 13 de abril, mas acabou terminando em 19 de março, contrariando a previsão de incremento de 6% em relação a temporada anterior. Esperava-se 267 mil embarques. O número ficou em 257 mil. 
 
“Com isso, tivemos uma perda de mais ou menos 12 escalas, um número expressivo, que representa em torno de quase 18 mil passageiros. Como trabalhamos com sazonalidade, uma escala já é muito importante”, disse Sueli. No entanto, o pior estava por vir.
 
Em meio a antigas discussões de transformar Santos num ponto de parada de navios de cruzeiros o ano inteiro e com a perspectiva de um crescimento estrondoso para a estação 2020/ 2021, o totalmente inesperado aconteceu: o terminal, que esperava 325 mil pessoas, ficou sem a presença de passageiros e transatlânticos.
 
Se já era preciso driblar os já conhecidos seis meses sem faturamento, ficou ainda mais difícil imaginar como seria passar outros doze meses em ver navios. A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA) chegou a estimar a venda de passagens para aproximadamente 100 mil hóspedes da MSC, que ainda estava no Brasil, enquanto se aguardava a posição das autoridades. Mas, as armadoras foram obrigadas a recuar diante das dificuldades.
 
"A Costa disse que não ia fazer a temporada em julho e, então, decidiu cancelar a sua participação na 2020/21. Foi quando sentimos que teríamos um baque. A MSC ainda insistiu muito, tentou até o m, mas não conseguiu as autorizações. A temporada ia começar no dia 15 de novembro e seguir até 20 de março, mas como não tinha autorização, mudou para dezembro e depois para janeiro. Quando foi um mês antes, pois ela precisa de um mês para tripular o navio, a MSC viu que não se vislumbrava nenhuma autorização efetiva e teve que se retirar. Ficamos sem nenhum faturamento. Nunca se imaginou isso”, destacou a diretora do Concais, reiterando que, além do prejuízo financeiro, houve ainda a perda de 3.400 empregos, que costumam ser gerados durante as temporadas.
 
"Aqui é um lugar de volume, de pessoas, de dinheiro. As pessoas que trabalham aqui, que prestam serviços, lojistas, são bem remuneradas, é uma atividade de turismo bem aproveitada e está concentrada”.
 
Futuro
 
Após esse período nebuloso, o Concais, assim como as armadoras, já estão preparadas para a nova fase dos navios que inclui, principalmente, mudanças de hábito e protocolos de segurança capazes de preservar a saúde dos passageiros.
 
No terminal, as medidas começaram a ser adotadas no ano passado, em 6 de fevereiro, quando a Anvisa deu os primeiros direcionamentos. Foram investidos R$ 300 mil apenas no sistema de climatização. As outras alterações incluem máscaras para os funcionários, dispensers com álcool em gel em todos os salões, aparelho de desinfecção e placa de acrílico em todos os balcões de atendimento. Isso sem contar, o distanciamento social.
 
"No caso dos armadores acho que tudo mudou. Essa situação trouxe uma reflexão e mudança cultural pra todos nós. Os navios, por exemplo, mudaram seu sistema de refrigeração, implantando muito mais tecnologia. No terminal, investimos pesado no sistema de climatização. Antes a troca de ar, externa e interna, acontecia a cada 40 minutos. Agora, mudou para 15 minutos. Tudo isso traz segurança, a pessoa tem que entrar aqui e se sentir seguro, muito bem cuidado", explicou Sueli, acreditando que até o final do ano a pandemia estará controlada.
 
"A expectativa é de que todos estejam vacinados. Vamos nos planejar, conforme o cenário da vacina se apresentar. Precisamos estabilizar o nosso negócio e voltar a gerar renda e empregos na cidade”. 
 

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