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Competitividade em declínio

Fonte: Correio Braziliense
 
Para crescer de forma sustentada e gerar emprego e renda, o país terá de tomar medidas drásticas e mudar a cultura do governo e de empresários. “A solução passa por uma política industrial de longo prazo, que, talvez, só apresente resultado em duas décadas. Temos de fazer aquilo que o brasileiro não gosta, que é planejamento”, afirmou Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
 
Os obstáculos estão no custo Brasil: alta burocracia; estrutura tributária caótica; problemas de infraestrutura; e riscos judiciais. “A saída da Ford do Brasil não foi um caso isolado. O país vem passando, há décadas, por uma desindustrialização, que se agravou a partir de 2014. Levantamento da CNC aponta que, de 2015 a 2020, 36,6 mil empresas foram extintas. Apenas no ano passado, foram 5,5 mil”, apontou Bentes.
 
O economista citou, ainda, o estudo Doing Business, do Banco Mundial, que analisa o ambiente de negócios em 190 países. No ano passado, o Brasil caiu da 109ª para a 124ª posição. “O empresário gasta 1,5 mil horas apenas com a burocracia tributária. Com a pandemia, a competitividade do país baixou drasticamente. E o processo de desindustrialização aumentou o desinteresse dos investidores”, assinalou.
 
Segundo o estudo da CNC, a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 33%, em 1980, para 11% agora. Outros problemas são a economia fechada e o alto custo e a pouca qualificação da mão de obra.
 
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que o custo Brasil retira R$ 1,5 trilhão por ano das empresas instaladas no país, ou 20,5% do PIB. O economista Geraldo Biasoto, ex-coordenador de Política Fiscal do Ministério da Fazenda, afirmou que o problema começa “quando o empresário não consegue reaver o tributo pago na cadeia produtiva” e defendeu o restabelecimento do Reintegra (programa criado para incentivar a exportação de manufaturados). “Na indústria, 6,33% da maioria dos produtos são impostos. Com a taxa de juros, o percentual sobe para 11% ou 12%. Isso significa metade da margem do empresário” resumiu.
 
José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), disse que a reforma tributária é urgente. Ele lembrou que, em 2000, as exportações de manufaturados representavam 59% da pauta do país. Em 2020, caíram para menos da metade (26%). “Deixar de exportar inviabiliza o mercado interno, principalmente, com a concorrência da China, país que tem custo baixíssimo”, reforçou.
 

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