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Soja em alta move exportação brasileira

Fonte: Valor Econômico
 
Mas embarques devem ter fluxo mais equilibrado que o de 2020, muito forte no 1º semestre
 
Embora todas as projeções indiquem que as exportações brasileiras de soja voltarão a crescer em 2021, e que muitas delas considerem que um novo recorde será alcançado, o avanço só deverá ficar evidente no segundo semestre do ano, segundo tradings e analistas.
 
E isso por dois motivos: em primeiro lugar porque a base de comparação é elevada, uma vez que o ritmo de embarques foi particularmente intenso no primeiro semestre de 2020, graças a vendas antecipadas volumosas e à grande procura da China num momento em que a oferta dos Estados Unidos era escassa. E, sobretudo neste primeiro bimestre, porque a colheita desta temporada 2020/21 vai demorar mais a ganhar força por causa da falta de chuvas no início do plantio.
 
“De fato a base de comparação é muito alta. Em março, abril e maio do ano passado as exportações estiveram muito aquecidas, mas depois, em outubro, novembro e dezembro, houve quedas também expressivas. Em 2021 teremos um equilíbrio maior”, afirmou André Nassar, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
 
Nos cálculos da entidade, os embarques vão somar 83,5 milhões de toneladas ao longo do ano, 1,2 milhão a mais que em 2020. A Agroconsult estima 83,2 milhões. O recorde até agora é de 2018, quando, segundo a Abiove, o volume chegou a 83,6 milhões de toneladas e, de acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), alcançou 82,9 milhões de toneladas.
 
“Há mesmo um atraso neste começo de ano, mas que deverá ser compensado nos meses seguintes. Para fevereiro, já temos indicativo de demanda forte”, afirma Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná, que administra os portos de Paranaguá e Antonina.
 
Com os sinais de demanda firme em fevereiro e a entrada de um novo terminal em operação, contudo, a expectativa é que o volume dos embarques em Paranaguá, principal saída da soja para exportação na região Sul, aumente já no primeiro trimestre. O volume poderá alcançar 3,9 milhões de toneladas no período, cerca de 400 mil a mais que entre janeiro e março de 2020. Há dúvidas no mercado, contudo, se também haverá incremento nos embarques por Santos e pelo Arco Norte no intervalo.
 
O fato é que, com ou sem atraso, do ponto de vista de rentabilidade as vendas de soja em grão ao exterior tendem a ser mais um ano positivo. Segundo a Abiove, o valor médio da tonelada exportadas deverá atingir US$ 410 em 2021, 17,1% mais que no ano passado (US$ 350), de forma que a receita total dos embarques poderá chegar a US$ 34,2 bilhões, alta de 18,3%.
 
Esse valor médio foi calculado com base em vendas antecipadas fechadas até dezembro e na tendência para o comportamento das cotações este ano. E essa tendência está até superando as expectativas.
 
Com mais uma alta nesta terça-feira (5), os contratos futuros de segunda posição de entrega da oleaginosa acumularam valorização de 2,8% nesta primeira semana de 2021 e permaneceram acima da barreira de US$ 13 por bushel (medida equivalente a 27,2 quilos). Nos últimos 12 meses, a alta chega a 43,1%, segundo cálculos do Valor Data.
 
Durante o pregão desta terça (5), a consultoria AgResource observou que o ambiente geral é altista para as commodities e que as apostas de fundos especulativos em novas valorizações continua a crescer. Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercado, observou, contudo, que há espaço para correções após a euforia que levou os preços a máximas em seis anos, mas sinalizou que o clima ainda seco na América do Sul, sobretudo no Brasil e na Argentina, continua a oferecer um certo suporte. Mas “correção” não significa queda livre, até porque a demanda da China tende a seguir aquecida.
 

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