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Novos diretores assumem com o pé esquerdo

Fonte: Sindaport / A Diretoria


 
Mal tomaram posse na última sexta-feira (15) e os dois novos diretores da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) já estão "causando" e, para surpresa e até mesmo espanto de muitos doqueiros, demonstrando total aptidão e refinados conhecimentos técnicos utilizados apenas por renomados decoradores de ambientes, mais conhecidos como designer de interiores.
 
Tentando demonstrar conhecimento e atuar ao melhor estilo de Isay Weinfeld e Brunete Fraccarolli, dois dos melhores expertises no assunto, os mandatários recém-chegados determinaram a imediata derrubada de divisórias e desmontagem de algumas salas sob o pretexto de reacomodação de diversos e antigos colaboradores da empresa, empilhados em espaços coletivos notadamente restritos e sem qualquer planejamento.
 
Polivalentes e multifuncionais, os dois diretores também revelaram habilidades no quesito vigilância sanitária uma vez que não pouparam nem mesmo as geladeiras existentes nas repartições, cujos utensílios e tudo existente dentro deles passaram a ser alvo de vistorias, é bom que se diga, feitas rigorosa e pessoalmente por ambos. Não se sabe, contudo, se o objetivo da inusitada fiscalização alimentícia foi preservar a saúde dos empregados em razão do prazo de validade dos produtos.
 
Decoração, designers e vigilância sanitária à parte, o que realmente causa perplexidade é que há algumas semanas, mesmo não efetivados em seus respectivos cargos, porém com livre e total acesso a toda e qualquer informação da estatal, com destaque para as estratégicas, os dois já circulavam pelos corredores da Codesp promovendo reuniões com funcionários e gestores lotados nos primeiros escalões e, tão logo empossados, tenham priorizado o layout de salas de trabalho e o conteúdo das geladeiras. 
 
Além de colocarem a carroça na frente dos bois, cabe aqui ressaltar o desnecessário constrangimento imposto pelos diretores a diversos companheiros que, intimidados, se viram compelidos a um inoportuno e dispensável questionário e, pasmem, obrigados a apresentarem seus currículos mesmo depois de anos e anos de relevantes serviços prestados à administradora do maior e mais importante porto do país.
 
Demonstrando total confiança e absoluto controle sobre uma Codesp sem comando e à deriva administrativamente há cerca de 40 dias, os até então autoempossados promoveram um verdadeiro show de indelicadezas e incivilidades ao não pouparem supervisores, gerentes, superintendentes e colaboradores em geral, profissionais com vasta experiência e conhecimento adquirido ao longo de décadas, os legítimos "carregadores do piano".
 
Tamanha deselegância levou os afoitos a desconsiderarem de forma flagrante o diretor de Operações Logísticas da empresa, Carlos Henrique de Oliveira Poço, que sequer foi informado das reuniões abruptamente convocadas envolvendo muitos dos seus subordinados, não por acaso pautadas por uma descabida inquisição jamais vista na história da Codesp.
 
Demonstrando notória falta de sensibilidade e total desconhecimento dos procedimentos da estatal portuária, esqueceram os desatentos novos diretores e não atentaram para o profissionalismo e ética que norteiam o trabalho de Carlos Henrique que, mesmo ciente de sua provável saída da direção da Codesp, segue atuando com extrema responsabilidade e cumprindo suas tarefas na qualidade de mandatário e contribuindo, sobremaneira, para que as reuniões da diretoria executiva (DIREXE) continuem sendo validadas em razão do quórum mínimo regimental exigido, de três membros. 
 
Nesse sentido, fosse ele precipitado tal qual seus novos pares de diretoria certamente já teria solicitado seu desligamento para dar prosseguimento a sua vida profissional em outras plagas, deixando a Codesp impedida de promover suas reuniões semanais. Todavia, atuando na contramão de seus jovens colegas de direção, vem demonstrando sapiência e sobretudo serenidade, qualidades que o Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport) considera imprescindíveis para a ocupação do relevante posto. 
 
Sobre a possível saída de Carlos Henrique, vale ressaltar que a famosa rádio peão, o fenômeno da comunicação, torce pela permanência do executivo, principalmente por seu perfil e qualidades técnicas, eficiência e comprometimento com as causas portuárias, demonstrados à frente da pasta codespana. Rumores indicam que vários deputados reeleitos estão tentando interferir em favor do diretor. É esperar para ver.
 
Outra mudança que já estaria em vias de ser aplicada se refere à entrada das pessoas nas dependências da Codesp, pela qual o visitante deverá estar “motivado” para poder acessar a empresa, cabendo a um funcionário se dirigir até a portaria e escoltar o visitante até o local desejado para o devido contato com o interlocutor. Segundo apurado pelo Sindaport, tal regra poderá ser aplicada inclusive para os dirigentes sindicais em incursões na estatal.
 
Com efeito estranhamos que, por mais esdrúxulas que sejam, todas as ordens advindas da dupla recém-chegada foram dadas verbalmente, portanto não oficializadas através das habituais resoluções internas. 
 
Concordamos que a direção da empresa deva adotar medidas preventivas no controle de entrada e estada de pessoas estranhas, procedimento estratégico que consideramos de vital importância em uma área considerada de segurança pública, tal qual é o maior complexo portuário do país bem como os locais e dependências sob responsabilidade de sua administradora.
 
Sobre o tema, vale lembrar aos debutantes dirigentes da empresa que os representantes sindicais, quando adentram a empresa portando seus crachás funcionais, devem obedecer a todas as regras de comportamento e de segurança como qualquer outro funcionário. E é assim que procedem em nome da boa ordem.
 
Importante destacar que a centenária Codesp é uma empresa pública, administradora e fiscalizadora do maior e mais relevante porto da América Latina, com regramentos, peculiaridades, características e costumes de muitas décadas, que ao longo de sua trajetória sempre respeitou, prestigiou e valorizou seus empregados, sobretudo os mais antigos e experientes, em absoluta igualdade de condições, independentemente dos postos ou cargos ocupados.
 
Nessa toada, entendemos que o bom senso deveria prevalecer na precipitada tomada de decisões, as quais já se anteciparam como irrelevantes e secundárias, uma vez que a diretoria da Codesp ainda não está totalmente composta, restando inclusive à designação de seu dirigente majoritário. Além de inteligente, mais sensato seria a tomada de decisões coesas objetivando a implementação de procedimentos padronizados e previamente discutidos pelos gestores responsáveis por cada área.
 
Até certo ponto, entendemos como louvável a iniciativa dos novos diretores, considerados seus cargos, idades e respectivas carreiras construídas em empresas privadas das quais são oriundos. No entanto, é imperioso que tenham sabedoria e sensibilidade para entenderem que a Codesp não é uma simples “quitanda da esquina”, que ao mudar de proprietário passa a trabalhar totalmente sob a exclusiva vontade do novo patrão. Mais imperioso, ainda, é atestarem que o Porto de Santos existe de fato e é bem mais complexo que o ilusório "Porto Lagoa Paranoá", em Brasília, de onde partem tão somente as indicações políticas partidárias.
 
Baseado em informações oriundas da base, a diretoria do Sindaport acha estranho a forma incomum de relacionamento profissional que vem sendo adotada pelos novos diretores, e espera por imediata correção tão logo o futuro provável presidente da estatal, Casemiro Tércio Carvalho, com quem as lideranças sindicais mantêm respeitosa e amistosa relação desde quando o executivo esteve à frente da Companhia Docas de São Sebastião, assuma definitivamente o posto.
 
Resta saber se os novos regramentos e procedimentos serão direcionados apenas aos popularmente conhecidos peões da empresa, os legítimos codespanos e alimentadores de gafanhotos, cabendo à diretoria as velhas e conhecidas práticas de sempre, amplamente denunciadas por este atento Sindaport. E ainda, se as reuniões com empresários para aditamentos de contratos também serão realizadas em grandes salas coletivas, com portas abertas e sem geladeiras.
 
A despeito das preliminares considerações aqui elencadas, o Sindaport vem tendo o cuidado em suas ponderações no sentido de não parecer ser um crítico ferrenho à política do governo do presidente Jair Bolsonaro, historicamente rotulado de machista. Nesse quesito, discorda da injusta pecha atribuída ao mandatário da Nação e oportunamente enaltece a nomeação da primeira mulher para ocupar um cargo na diretora da empresa nos 127 anos de sua existência.
 
Na mesma linha, o implacável Bolsonaro igualmente bancou a nomeação de um diretor que durante a campanha eleitoral do ano passado fez inúmeras postagens em redes sociais com criticas duras ao então candidato e hoje presidente da República. 
 
Ao que tudo indica, observadas as excêntricas ações dos mandatários empossados no último dia 14, a nova diretoria da Codesp se antecipa como radical, insensível e inflexível, enquanto Jair Bolsonaro tem se mostrado mais democrático, pelo menos por enquanto. Vamos esperar pra ver se essa velocidade será adotada para todos os assuntos e por quanto tempo.
 
Na próxima segunda-feira (25) o Conselho de Administração da Codesp (Consad) se reunirá em caráter ordinário, podendo finalmente definir a nova composição da diretoria da Codesp à qual, segundo informes que chegam do Porto Lagoa Paranoá, poderá estar assim formada:
 
DIPRE – DIRETORIA PRESIDÊNCIA
CASEMIRO DE CARVALHO TÉRCIO
 
DIAFI – DIRETORIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA
FERNANDO BIRAL
 
DIENG - DIRETORIA DE ENGENHARIA
JENNYFER TSAI (JÁ EMPOSSADA)
 
DILOG – DIRETORIA DE OPERAÇÕES LOGÍSTICAS
CAPITÃO DE MAR E GUERRA E EX-CAPITÃO DOS PORTOS, MARCELO RIBEIRO
 
DIREM - DIRETORIA DE RELAÇÕES COM O MERCADO E COMUNIDADE
DANILO DE MORAIS VERAS (JÁ EMPOSSADO)
 

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