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O discurso e a prática

Fonte: Sindaport / A Diretoria



Mais que oportuna, foi admirável a postura do presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Alex Botêlho, quando, em recente manifestação, incentivou os empregados da estatal portuária pedindo que não tivessem qualquer receio de mudanças, uma vez que elas certamente proporcionarão resultados positivos para o Porto de Santos como um todo.

Para nós dirigentes do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), além da injeção de ânimo e da mudança de postura, para melhor, é bom que se diga, tal manifestação deixou a nítida impressão de que a Codesp entra em uma nova fase diante das perspectivas bastante otimistas motivadas pelo anúncio feito pelo mandatário da Codesp na intranet da empresa.

A direção deste Sindaport entende que toda e qualquer grande empresa, a exemplo da Codesp, somente irá crescer quando suas várias engrenagens estiverem funcionando adequadamente, sobretudo a que trata do capital humano. Nesse sentido, as palavras de esperança e de otimismo do líder da Autoridade Portuária tiveram impacto de absoluto otimismo no campo das ideias em se tratando da sempre difícil relação capital e trabalho. Assim sendo, cabe aqui o devido elogio à inovadora iniciativa de Alex Botêlho.

Apesar do avanço, entretanto, no mesmo campo das ideias que alimentam o amplo e democrático debate, cabe o registro das críticas, necessárias, saudáveis e sempre construtivas, principalmente quando a prática contraria o discurso. E se coube o elogio, cabe também a crítica ao presidente da estatal que administra o complexo santista uma vez que, mesmo pontualmente, comete alguns erros já praticados por seus antecessores, o que lamentamos.

Sabemos das dificuldades que enfrenta diante de um sistema notadamente viciado que sufoca toda e qualquer intenção contrária, por melhor que seja, e que vergonhosamente segue fazendo uso dos cargos públicos para aconchegar afilhados políticos partidários, os infalíveis e oportunistas gafanhotos. Ainda assim, lamentamos.

No início de agosto recebemos um informativo da Codesp referente a programas ambientais, datado do mês de março. Inicialmente, tivemos a clara e nítida impressão de que as publicações estavam “encalhadas” em algum canto do setor responsável, considerando que vieram a ser distribuídas exatos cinco meses após a elaboração das pautas sobre o tema.

Das diversas atividades descritas, consta a obra de recuperação e reforço estrutural do cais dos armazéns 12ª ao 23º, bem como o respectivo programa ambiental. Além disso, o Programa de Educação Ambiental e Patrimonial promovido pela companhia, e a tecnologia jet-grouting (utilizada para tratamento e reforço de solos) aplicada nas obras de reestruturação e fortalecimento do ancoradouro local.

Contudo, para nossa surpresa e até mesmo espanto, constatamos que a profissional Renata Guerra, responsável pelas matérias e fotos do informativo em questão, não pertence ao quadro de colaboradores lotados na Assessoria de Imprensa da Codesp. Como de hábito, através da sempre eficiente e infalível "rádio peão - o fenômeno da comunicação" - descobrimos tratar-se de uma apadrinhada jornalista oriunda do Paraná.

Ora, se a Codesp dispõe de uma assessoria de imprensa formada por profissionais de comunicação reconhecidamente competentes, especialistas e familiarizados com a questão portuária nacional, bem como e especificamente com a própria estatal e com o Porto de Santos, por que as matérias do informativo de março se apresentam sob responsabilidade e autoria de alguém alheio aos quadros da empresa?

Em face da discrepância, que neste caso coloca em lados opostos discurso e prática, vale lembrar que Alex Botêlho propõe em sua manifestação a valorização dos empregados e, ao mesmo tempo, desprestigia os colaboradores lotados no departamento de Comunicação da Codesp. A anomalia se verifica com a própria superintendente do setor, cuja profissional deveria ter obtido o devido respeito e reconhecimento por parte da direção da empresa, que mais uma vez cai na vala comum no quesito administração.

A suposta contratação de um freelancer causa uma má impressão ainda maior quando a administração pública conta com pessoal próprio para a realização de trabalhos por empreitadas. Fica, portanto, a desnecessária sombra de supostas irregularidades que não mais deveriam existir em face da legislação que trata dos concursos públicos, licitações, concorrências, valores de contratos, etc., sem contar a falta de transparência e o custo envolvido com essas contratações.

Outro ponto que devemos mencionar é o site da empresa que, na avaliação deste Sindaport, deixa muito a desejar uma vez que é pouco explorado, carente de informações, confuso em determinados aspectos, pouco objetivo e nada esclarecedor ao seu público alvo. Importante salientar que, com dúvidas, muitos órgãos de imprensa, usuários do complexo e leitores em geral consultam de forma regular a secretaria deste Sindaport para obter informações adicionais ao material publicado no portal codespano. Ao que nos parece, é administrado e alimentado cotidianamente por alguém que não vive o dia-a-dia do Porto.

Decerto que o site do Sindaport agrada e desagrada a tudo e a todos, sobretudo por suas críticas contundentes e constante vigilância em defesa dos interesses dos trabalhadores, da própria Codesp e do Porto de Santos, porém, atinge seu objetivo de forma satisfatória nas esferas local, estadual e principalmente federal, mediante um custo muito inferior ao mantido pela empresa, e isso em sã consciência ninguém consegue compreender.

Ressalte-se, por derradeiro, que jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique, já que todo o resto é mera publicidade, inclusive pessoal. Quando decidimos por mudanças não podemos continuar cometendo os mesmos erros, e pelo que estamos percebendo, ao contrário do que disse o presidente Alex Botêlho, nem toda mudança é para melhor. 

 

 
“É impossível progredir sem mudanças, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada.
Jorge Bernard Shaw

 


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