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Proposta de 0% é sinônimo de greve

Fonte: AssCom Sindaport / Denise Campos De Giulio



Não é brincadeira e muito menos pegadinha. Infelizmente é verdade.
 
Na reunião de negociação realizada na manhã da última quinta-feira (23) e que contou com a participação de diversas lideranças sindicais, os representantes da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) tiveram a cara de pau de oferecer zero % de aumento salarial referente à data-base da categoria - 1º de junho.
 
"Não ter autorização de Brasília para oferecer qualquer índice que seja ou então oferecer percentuais bem abaixo da inflação do período já havia acontecido antes. Porém, convocar uma importante reunião com os representantes dos trabalhadores e oferecer zero % de aumento é algo inédito na historia recente da Codesp", afirmou o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos.
 
Segundo o dirigente, os mandatários da empresa dirão que o índice oferecido não é zero por considerarem os 2% que vem sendo pagos desde 1º de janeiro a título de antecipação. "Estão esquecendo que essa oferta sem vergonha e descabida sequer repara as perdas inflacionárias do período, cujos índices oficiais norteiam ações e gestões do próprio Governo Federal".
 
Considerada pelo sindicalista uma séria provocação, a absurda e inusitada proposta será oficialmente levada ao conhecimento dos colaboradores na assembleia já convocada para a esta terça-feira (28), às 20h, na sede do Sindaport. "Claro está que diante da afronta, a paralisação das atividades na estatal que administra o maior e mais importante porto da América latina é um caminho natural", avaliou.
 
Em tempos de início de governo, ainda que interino, uma paralisação no complexo santista seguramente trará consequências imprevisíveis para a já desgastada imagem da Codesp bem como de seu presidente, o mestre, doutor e PhD em pedaladas, Alex Botelho.
 
A julgar pelo empenho demonstrado ao longo das duas últimas semanas pelo ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que logrou êxito ao evitar uma greve nacional nos portos públicos programada para a última terça-feira (21), a suspensão por tempo indeterminado das atividades na Autoridade Portuária de Santos poderá representar um festival de quedas de bicicletas nos principais escalões da empresa, com um provável e retumbante "tombaço" do ciclista maior.
 
Vale salientar que para evitar a greve nacional, Eliseu Padilha esteve reunido, na mesma data, em Brasília, com os presidentes do Sindicato dos Estivadores de Santos, Rodnei Oliveira da Silva, Sindicato dos Operários Portuários de Santos (Sintraport), Claudiomiro Machado, e presidentes da Federação Nacional dos Portuários (FNP), da qual o Sindaport é filiado, Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e Federação Nacional dos Conferentes e Consertadores de Carga e Descarga, Vigias Portuários, Trabalhadores de Bloco, Arrumadores e Amarradores de Navios, nas Atividades Portuárias (Fenccovib). 
 
E à exemplo do que ocorreu no encontro de Brasília, uma nova reunião de negociação que será realizada na manhã do dia 28, nas dependências da Avenida Rodrigues Alves s/nº, portanto, antes da assembleia, também poderá resultar na suspensão de um presumível movimento paredista que será discutido pelos funcionários da Codesp no encontro noturno.
 
Em não havendo avanços na oferta da Codesp, a proposta que será encaminhada pela diretoria do Sindaport para deliberação dos trabalhadores na assembleia desta terça-feira é a seguinte:
 
- INSTAURAR DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE;
- DECRETAR ESTADO DE GREVE;
- MANTER A ASSEMBLEIA ABERTA EM CARÁTER PERMANENTE;
- PRAZO LEGAL DE 5 A 10 DIAS PARA INÍCIO DA GREVE, POR TEMPO INDETERMINADO.
 
Importante haver esse prazo entre a decretação da greve pela Assembleia e o efetivo dia de início do movimento, para cumprimento da Lei de Greve, quanto ao aviso para os usuários do Porto, Terminais e para a própria Codesp, quem sabe, havendo possibilidade de nova reunião de negociação com uma proposta decente de fato.
 
Desde o início da Campanha Salarial, o Sindaport cumpriu todos os prazos exigidos pela legislação vigente, encaminhando inclusive a pauta de reivindicações na data prevista, além de enviar os ofícios pertinentes para a direção da empresa, solicitando a abertura das negociações. Concedeu, ainda, o prazo de 30 dias durante o mês de junho, diante da possibilidade de se esgotarem as negociações.
 
Mantida a intransigente posição da Codesp, de oferecer zero % de aumento, o Sindaport cumprirá fielmente os dispositivos previstos na Lei de Greve (7.783/89), além do calendário previamente estabelecido na primeira assembleia da categoria, que resultou na aprovação da pauta de reivindicações, bem como deliberou pela decretação da paralisação a partir do início de mês de julho em caso de malogro das negociações.
 
Nesse sentido, o Sindaport espera que o presidente Alex "pedala" Botelho apresente uma proposta condizente com a realidade econômica do país e com as necessidades dos empregados, que certamente lotarão o plenário do Sindaport e não hesitarão em aprovar uma greve por tempo indeterminado no complexo portuário responsável por quase 30% do comércio exterior nacional. "Caso contrário, vamos colocar uma greve no porto mais importante do Brasil no currículo dele", concluiu Cirino. 

Atualizada em 28/06/2016, às 04h45
 

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